Falta de memória atinge todas as faixas etárias

A neurologista lembra que algumas pessoas relacionam a falta de memória nos jovens a possíveis chances de terem a doença de Alzheimer na velhice.

REGIÃO - Ynaiê Botelho

Data 10/09/2013
Horário 08:35
 

Criar uma rotina de trabalho e não realizar várias atividades ao mesmo tempo. Essas são algumas das indicações da neurologista prudentina, Maria Teresa Castilho Garcia, para prevenir as alterações de memória que, segundo ela, podem afetar qualquer faixa etária. "Percebemos um índice maior de reclamação em pessoas com mais de 70 anos, que naturalmente, sofrem de uma queda fisiológica da memória. No entanto, essa variação é individual", completa.

Jornal O Imparcial Garcia: "Déficit de memória pode ser percebido quando os esquecimentos são frequentes"

De acordo com Garcia, o déficit de memória patológico pode ser percebido quando os esquecimentos são frequentes. "No momento em que a capacidade de recordar os fatos compromete o dia a dia de forma negativa, é hora de procurar ajuda. Esquecer panelas no fogão, eletrodomésticos ligados na tomada, senhas, perder-se no caminho de volta pra casa, tudo isso necessita de investigações profissionais para detectar possíveis problemas neurológicos", destaca.

A neurologista lembra que algumas pessoas relacionam a falta de memória nos jovens a possíveis chances de terem a doença de Alzheimer na velhice. "Essa comparação não pode ser feita. Esquecimento não é sinônimo de doenças degenerativas, desenvolvidas independentemente de como é a memória do indivíduo. Além de serem geneticamente determinadas, também existem diversos outros fatores", esclarece.

 

Exercitar a mente

"Há quem diga que a memória é como um músculo. A pessoa para de usar e ela atrofia", diz a profissional que, apesar de considerar a afirmação grosseira, acredita que é uma forma de comparar a necessidade do estímulo da mente. "Os indivíduos que não utilizam o mecanismo de memorização podem ter dificuldade de ativá-lo depois. Se você não tem uma rotina, ou não cria métodos para memorizar, é difícil manter o foco na realização de algumas atividades", assegura.

A profissional lembra que para consolidar a lembrança é preciso destacar vários fatores. "A repetição é importante para gerar atenção e concentração. Hoje, a rotina das pessoas cria uma carga emocional grande com estresse, ansiedade, sobrecarga de trabalho, que afastam as pessoas da rotina e fazem com que elas realizem atividades sem prestar devida atenção", completa.

No entanto, a memorização, conforme Garcia, deve estar relacionada a hábitos saudáveis, como a prática de exercícios, boa alimentação e acompanhamento profissional. "Os neuropsicólogos realizam treinamento cognitivo, programas pra reabilitar e melhorar a memória e auxiliam no desenvolvimento da mente", garante.

 

Acesso à internet


Garcia afirma que o acesso à internet modificou a forma de armazenamento das informações, no entanto, a facilidade de obter vários tipos de dados na rede não deve levar a culpa por essa nova geração. "Tudo vem pronto da internet. E isso causou impacto até mesmo na forma de estudar. Hoje, as pessoas não escrevem mais. É tudo copiado e colado", observa. "Na escola, a escrita foi substituída por fotocópia. E os sites de busca disponibilizam as informações que as pessoas precisam. Isso fez com que elas se tornassem preguiçosas, acomodadas", completa. A neurologista orienta os pais sobre o incentivo ao uso correto das novas tecnologias. "É preciso estimular a leitura, o bom uso da internet, criar hábitos, rotinas que despertem o interesse das crianças", ressalta.

 

Tarja preta

"O sono é um poderoso aliado da memória, no entanto, as medicações que põem o paciente para dormir suprimem as fases mais importantes do sono, que são responsáveis pela consolidação das lembranças", alerta a profissional quanto ao uso indiscriminado de medicações controladas. Garcia reforça que quaisquer distúrbios devem ser acompanhados por profissionais e que a automedicação pode causar danos ao paciente.

 

Tratamento

Telefones, endereços, datas de aniversário. Segundo o secretário da Saúde de Presidente Prudente, Sérgio Luiz Cordeiro de Andrade, em alguns casos, a falta de memória atrapalha atividades rotineiras, antes, consideradas simples. No município, o tratamento deve começar nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). "A pessoa com dificuldades na memória deve procurar o órgão para ser encaminhada aos profissionais específicos, que irão avaliar as condições do paciente e orientá-lo a procurar o serviço adequado, como psiquiatras e neurologistas", afirma.
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