Em abril, quando o artista plástico José Bottosso (in memorian), foi homenageado com a celebração de uma missa solene na Catedral São Sebastião - onde está uma de suas criações artísticas - uma de suas filhas, Rosa Amélia Bottosso Passos, manifestou a preocupação que ela, a irmã e sua mãe tinham com a preservação das obras de seu pai, expostas em lugares públicos. Isso depois das 14 estações da Via Sacra que ele pintou terem sido “apagadas” ao receber nova pintura por cima. “O que tanto temíamos aconteceu há poucos dias! No ano do centenário, a Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente destruiu a parede para a instalação de uma porta, extinguindo 90% do painel que meu pai pintou em 1999, no saguão de entrada do hospital. Inacreditável! Estamos indignadas, pois estávamos desde o final de abril dialogando com a diretoria da instituição para que fosse feita uma restauração”, lamenta.
Rosa afirma que, aparentemente, poderiam contar com o apoio dos responsáveis, da administração, pois se mostraram interessados no restauro. Tanto que um profissional foi contatado, chegando a fazer um orçamento do serviço.
“Logo que fiquei sabendo deste ‘ato de vandalismo’ entrei em contato telefônico com a administração do hospital para saber do ocorrido e obter uma explicação. Apesar de uma conversa longa e de pedidos de desculpas, não obtive uma explicação convincente...”, pontua Rosa.
Segundo a Assessoria de Imprensa da entidade, a Santa Casa passa por uma reforma na recepção central para acomodar melhor as pessoas que buscam atendimento. No projeto arquitetônico, o painel do artista plástico José Botosso seria restaurado e mantido no local. Mas, durante as obras, houve um problema estrutural e a pintura foi danificada irreversivelmente.
“A Santa Casa preza pela memória e pela história de Presidente Prudente; como prova disto, realizou a restauração de todas as pinturas da capela construída na década de 30 e lamenta sincera e profundamente o ocorrido", expõe a instituição.
Indignação
Em sua página no facebook, o escritor Carlos Francisco Freixo compartilhou a postagem do Conservatório Maestro Julião com o seguinte comentário: “Por que tanta urgência ou emergência para apagar toda a memória centenária? De forma arbitrária contemplamos os carentes/agentes administradores que tanto mendigaram ajuda pela carência pública de cuidar de seus doentes. Mas, parece que a demolição é o que os conforta. Botosso é parte da gente, é o nosso alicerce, é a grande presença a ser celebrada em todos os momentos. Hoje me lembro nestas fotos de Maurício D'S, em que celebramos nossa ‘Raiz Prudentina’ no Sarau em que recebeu belíssima homenagem pela APE [Associação Prudentina de Escritores]. José Botosso não pode ser apenas um retrato na parede, um nome de espaço público. Botosso é um gigante a quem apelaremos sempre: orai por nós. Não sabemos mais o que estamos fazendo”.
O artista plástico prudentino faleceu há cinco anos, quando estava com 81 anos, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Ele deixou este plano terrestre, mas é considerado pelas belezas das pinturas que deixou no teto da Catedral São Sebastião, entre outras obras em espaços públicos. (Veja no box da matéria)
O artista plástico prudentino faleceu há cinco anos, quando estava com 81, vítima de um AVC
Obras de Botosso em espaços públicos
- Igreja Nossa Senhora Aparecida – Vila Marcondes: mosaicos e murais
- Matriz de São Sebastião: painéis, mosaicos e ornamentos
- Paróquia de São Pedro: 14 estações da Via crucis (não existem mais foram cobertas por pintura)
- Capela Nossa Senhora Aparecida no Campus 2 da Unoeste: mosaicos, 2 grandes murais e ornamentos (atualmente a família está dialogando com os responsáveis para a restauração de algumas áreas)
- Igreja Santo Antonio de Lisboa em Presidente Venceslau
- Capela Fazenda Santa Virgínia – Bataguassu (MS)
- Torre da Igreja do Colégio Cristo Rei: painel de pastilhas (bem deteriorado);
- Centro Professorado Paulista: painel de pastilhas
- Conservatório Musical Maestro Julião: painel de pastilhas
- Capela do HR (Hospital Regional) Dr. Domingos Leonardo Cerávolo
