Fantasia ou apocalipse?

OPINIÃO - José Renato Nalini

Data 16/08/2017
Horário 11:50

Quem não acredita que o aquecimento global seja o mais grave desafio para a humanidade precisa assistir ao documentário “Chasing Ice” (perseguindo gelo). É fácil encontrá-lo nas redes sociais. O website é www.chasingice.com. Mereceria ser visto por todos: crianças, adultos, idosos. Em grupos, para discutir depois e propiciar uma reflexão séria e consequente.

O documentário foi produzido pelo fotógrafo da National Geographic, James Balog, graduado em geografia e geomorfologia e ambientalista convicto após essa experiência. Ele foi encarregado de capturar imagens no Ártico, em 2005, para eventual comprovação de que as mudanças climáticas estão de fato acontecendo ou são ilusões dos catastrofistas.

Ele era cético e não esperava grandes resultados. Mas utilizou-se de 30 câmeras, bem posicionadas, todas com tecnologia avançada, capazes de converter anos em segundos. Converteu-se à ecologia. Não há como negar que a mutação é real e se surpreendeu com a celeridade com que o fenômeno ocorre.

A maioria das pessoas parece pensar que isso ocorrerá daqui a 100 anos, quando elas já não estarão aqui. Mas a ameaça é imediata. O projeto “Extreme Ice Survey” (Pesquisa Radical no Gelo) antecipou o desligamento da grande faixa de gelo, muito maior do que a península de Manhattan, que esta semana mergulhou no mar. O impacto da atividade humana causa na natureza é dramático e nefasto. Pessoas sensíveis assistem ao documentário e saem chorando do cinema. Pois é lindo, triste, alerta fotograficamente impactante. Convence melhor do que gráficos e teses científicas que ninguém lê.

Estamos, premeditadamente, eliminando o suprimento de ar do dia seguinte. Isso exterminará qualquer espécie de vida na Terra. Mas não há ouvidos para ouvir esta mensagem, menos ainda olhos que se disponham a enxergar a verdade. Os homens estão preocupados com superficialidades, com superfluidades, com insignificâncias. A profundidade das cogitações é a de um pires de café. Não tem vez outra dimensão reflexiva. O essencial fica para o dia do acerto de contas. Lamentavelmente, ele está mais próximo do que gostaríamos. E aí todos serão vítimas. Inocentes e culpados. Pagaremos para ver?

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