Gasolina passa a compensar mais que etanol

PRUDENTE - Victor Rodrigues

Data 13/11/2015
Horário 07:32
 

Os preços dos combustíveis voltaram a subir e o atual valor do etanol deixa o produto menos compensador para os proprietários de veículos de motor flex. Depois de semanas consecutivas de alta, em dez dias o etanol ganhou um reajuste de 4%, com aumento médio de R$ 0,10 nas bombas de estabelecimentos em Presidente Prudente. Os valores já são encontrados entre R$ 2,56 e R$ 2,59, o litro. De acordo com os especialistas do ramo, o consumidor irá economizar se abastecer com gasolina, mesmo que este produto também tenha sido elevado.

Jornal O Imparcial Apesar dos reajustes consecutivos, postos não notaram redução na venda do etanol

Segundo o mecânico Arlindo Munuera, o etanol queima mais rápido e, por isso, é compensador usá-lo somente se custar 70% do valor da gasolina. Hoje, o valor da gasolina varia de R$ 3,62 a R$ 3,69, com reajuste médio de R$ 0,10 também. "O cálculo é o seguinte: deve-se dividir o valor menor, que é do etanol, pelo valor da gasolina. Se o resultado for igual ou superior a 0,70, a gasolina vai sair mais barata no final das contas, porque ela rende mais nos motores", explica. Neste exemplo, o preço do etanol de R$ 2,59, dividido por R$ 3,69 da gasolina, resulta em 0,70.

De acordo com o Cepea/ EsalQ (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"), que analisa a produção da cana-de-açúcar em todo o Estado de São Paulo, as primeiras altas foram motivadas por chuvas, que interromperam pontualmente a colheita da cana e levaram a certa redução da oferta no mercado. "Um reforço muito importante, claro, veio do reajuste da gasolina no final de setembro. Depois disso, as chuvas têm sido frequentes na região centro-sul, causando diminuição da oferta".

A combinação de demanda aquecida e menor oferta têm mantido em alta os preços do etanol no mercado paulista. Entre 3 e 6 de novembro, o hidratado se valorizou pela 11ª semana consecutiva. Apesar de a relação de preço do etanol/gasolina ter ultrapassado os 70% na média dos postos de quase todo o país, com exceção apenas de Mato Grosso, as vendas do biocombustível seguem elevadas.

Conforme a Assessoria de Imprensa do Cepea, distribuidoras anteciparam parte das compras, temendo transtornos com os protestos dos caminhoneiros iniciados em alguns Estados brasileiros (inclusive na região de Prudente), bloqueando trechos de várias estradas. "Do lado da oferta, a queda no volume de etanol produzido devido às chuvas frequentes reforça os seguidos aumentos nas cotações", informa.

Nos postos, o hidratado mantém vantagem sobre a gasolina apenas em Mato Grosso, onde o preço do etanol equivaleu a 59,3% do valor da gasolina, no intervalo de 1º a 7 de novembro – dados ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Já em São Paulo, a cotação média do etanol no mesmo período foi de correspondendo a 70,7% do valor da gasolina.

A Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Pertróleo do Estado de São Paulo) foi questionada sobre o motivo do reajuste da gasolina, mas até o fechamento da edição não havia respondido.

Mas segundo Lourivalter Gonçalves, dono do Posto Prudentão III, em Prudente, a gasolina sobe devido ao aumento do etanol, já que o produto derivado de petróleo chega às bombas com 27% de etanol em sua composição. "A gasolina tem seguido o fluxo do álcool, por isso os reajustem tem caminhado juntos. O preço do diesel permanece intacto", comenta.

 

Preferências


Mesmo menos compensador, as vendas de etanol seguem firmes. Lourivalter diz que a saída de etanol ainda não foi afetada em seu estabelecimento. Marci Bosso, gerente do Posto Aviação, diz o mesmo. "As pessoas ainda permanecem com seus hábitos em abastecer com o etanol. Na hora de abastecer, é provável que considerem somente o valor, que deve pesar menos no bolso", comenta.

A autônoma Cíntia Hoshikaba, 33 anos, está entre as pessoas que permanecem no hábito de encher o tanque do carro com etanol. "Ainda não fiz as contas. Mas vou rever isso", afirma.

Já Warley Gomes, 26 anos, pintor, comenta que se houver outro reajuste, deverá partir para a gasolina. "Já está muito caro. Subiu muito em pouco tempo. Se na semana que vem tivermos outra surpresa, vou mudar de vez para a gasolina", garante.
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