Morador de Presidente Prudente, Manoel Tolentino Garcia, 83 anos, está há dez dias aguardando por uma vaga de internação no HR (Hospital Regional Doutor Domingos Leonardo Cerávolo), para realizar um procedimento de cateterismo após apresentar um quadro de insuficiência cardíaca. Quem conta a situação é a neta dele, a empreendedora, Natália Ziviani Garcia Teixeira, 36 anos, que relata que o idoso primeiramente foi atendido na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Ana Jacinta, onde deu entrada no dia 21 de fevereiro e permaneceu até o dia 25, quando foi transferido para o HR. Depois de passar dois dias em uma maca no corredor do hospital, teve um pedido atendido por uma enfermeira, que o colocou em um quarto de emergência, onde segue esperando por uma vaga no setor de cardiologia. Responsável pelo atendimento de 800 mil habitantes, o Hospital Regional enfatiza que dispõe de toda assistência necessária no pronto-socorro, inclusive realizando o primeiro atendimento para estabilizar o paciente até que seja encaminhado, por meio do Siresp (Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo), antiga Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde), para outras unidades de referência da região.
“Ele continua repetindo exames desde então. Solicitaram um cateterismo, mas, segundo o hospital, estão aguardando melhora nos exames do rim para fazer o procedimento. No entanto, ele continua em um quarto da emergência, sem previsão de vaga para a cardiologia”, comenta Natália. Lembra que há seis meses seu avô passou por um quadro semelhante e aguardou por sete dias na UPA, que fez o encaminhamento ao HR, por não dispor de especialistas. Foram mais oito dias na emergência do Hospital Regional, totalizando 15 dias de espera e mais 13 de internação.
Siresp: fila de espera online
Responsável pela gestão das UPAs de maneira compartilhada com o Executivo, o Ciop (Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista) ressalta que tais unidades são voltadas para casos de urgência e emergência, realizando atendimentos a pacientes em período ininterrupto, durante 24 horas. “Os pacientes atendidos que necessitam de internação em hospitais terciários são obrigatoriamente inseridos no Siresp, sistema de regulação que é gerenciado pelo Estado de São Paulo. O mesmo é responsável pelo direcionamento dos pacientes a hospitais de referência, conforme demanda e disponibilidade de leitos”, aponta. Explica que as UPAs não dispõem de leitos de internação, somente de observação. “Não possuem especialistas clínicos ou cirúrgicos, como também equipamentos específicos para seguimento de tratamentos mais complexos”, destaca.
A Secretaria de Estado da Saúde também enfatiza que o Siresp é um intermediário entre os serviços de origem e de referência. “Seu papel não é criar leitos, mas auxiliar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo, seja ele municipal, estadual ou filantrópico, e apto a cuidar do caso. O sistema possui um sistema online que funciona 24 horas por dia e busca vaga disponível em serviços de saúde do SUS [Sistema Único de Saúde], preferencialmente na região de origem do paciente, com disponibilidade e capacidade para atender cada caso, priorizando os mais graves e urgentes”, esclarece.
“A inserção de pacientes na regulação estadual é realizada pelos municípios ou unidades de origem, que também são responsáveis pela definição de prioridade dos casos e por atualizar constantemente os quadros clínicos no sistema, bem como mantê-los assistidos e estáveis previamente, além de providenciar transporte adequado para deslocamento seguro quando a transferência é necessária”, finaliza a pasta.
