HR soma 30 atendimentos a pacientes com esclerose

PRUDENTE - IZABELLY FERNANDES

Data 30/08/2018
Horário 05:39
José Reis - Marlene: “Conviver com a incapacidade é a pior parte da doença”
José Reis - Marlene: “Conviver com a incapacidade é a pior parte da doença”

Nesta quinta-feira é lembrado o Dia Nacional da Esclerose Múltipla, doença que é pouco conhecida pela população e é causadora de muitos desafios para os pacientes. Desde 2016, o HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, em Presidente Prudente, atua com um centro de referência para o tratamento da doença na região, e, até agosto deste ano foram realizados 30 atendimentos de pacientes com o diagnóstico na unidade.

Em 2015, o HR realizou um mapeamento de pessoas com a doença na região, resultando no total de 50 pacientes. Com isso, foi possível a implantação do centro especializado na patologia para suprir a necessidade e facilitar o tratamento da doença, pois, antes disso, o núcleo de referência mais próximo era em Marília (SP). De acordo com a neurologista Maria Teresa Castilho Garcia, os pacientes não podiam ser tratados em Prudente, devido à impossibilidade da liberação dos remédios de alto custo que compõem o tratamento dos portadores da patologia. “Hoje em dia ainda enfrentamos algumas dificuldades com os remédios, porém, já podemos atender com mais comodidade e qualidade os nossos pacientes”.

O centro de referência para o tratamento da doença na região atende não só usuários da rede pública de saúde, como também os convênios, com consultas e liberação de medicamentos. Conforme Maria Teresa, antigamente havia “muita burocracia” para a liberação dos remédios específicos para a doença, processo que causava “muitos gastos e desgastes para os pacientes”. “A demora acaba gerando uma maior vulnerabilidade para os surtos”, afirma.

De acordo com a paciente Marlene Catarina Ogliari Saggin, 38 anos, foi difícil fazer o diagnóstico, visto que os sintomas iniciais se parecem com os da labirintite. “Eu tinha muita tontura e dor de cabeça, parecia enxaqueca”. Em abril de 2017, ela conseguiu ser diagnosticada com a doença por meio do exame de ressonância magnética. “Depois disso comecei a tomar os medicamentos, mas que apresentaram falhas terapêuticas”, explica. Diante disso, teve que iniciar o tratamento com um remédio novo no país, pois o seu caso foi diagnosticado como esclerose múltipla progressiva.

Hoje em dia, Marlene convive com dificuldades para caminhar e necessita da utilização de uma bengala, pois precisa de apoio dos dois lados do corpo para se locomover. A paciente diz que conviver com a doença é um desafio, pois trata-se de uma doença degenerativa. “A gente não lida com o fantasma da morte, mas lida com o fantasma da debilidade e incapacidade”, declara.

Esclerose

Trata-se de uma doença autoimune, na qual o próprio organismo produz anticorpos que atacam o sistema nervoso central. Os pacientes podem apresentar sintomas variados como: dores articulares, perda de visão, fadiga intensa, dificuldade para andar, dormências e formigamentos, fraquezas musculares, alterações no equilíbrio e coordenação motora, e disfunções intestinais e na bexiga.

O tratamento consiste em drogas imunomoduladoras que controlam o sistema imunológico, já que se trata de uma doença crônica, que não há a possibilidade de cura. Segundo e neurologista, ainda não existem comprovações da influência de causas externas para o desenvolvimento da patologia, porém, fatores genéticos e tabagismo podem ser alguns dos motivos. “Não podemos afirmar o que deflagra essa enfermidade, porém, sabemos que alguns fatores podem influenciar”, explica.

Maria Teresa ainda explica que o público mais atingido pela doença são as pessoas brancas e mulheres com a faixa etária de 20 a 30 anos, devido à fase reprodutiva. O diagnóstico pode ser feito através de um detalhamento clínico, com exames clínicos e neurológicos completos, como: ressonância magnética, punção lombar e potencial evocado.

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