Igrejas retomam celebrações presenciais em Prudente

Com restrições de capacidade e protocolos de segurança, pastor Paulo Amendola e padre Rodrigo falam sobre medidas e retorno de atividades

PRUDENTE - OSLAINE SILVA

Data 20/04/2021
Horário 06:29
Foto: Arquivo
Igrejas estão autorizadas a receber fiéis
Igrejas estão autorizadas a receber fiéis

Começou a valer no domingo, em todo o território estadual, a fase de transição do Plano São Paulo, que prevê o retorno gradual de atividades presenciais. Além do comércio, os cultos religiosos já podem voltar a ser frequentados presencialmente. A reportagem falou com o pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, padre Rodrigo Gomes de Moreno, que também responde como assessor de imprensa da Diocese de Presidente Prudente, e também com Paulo Amendola, pastor presidente da Igreja Metodista Central e presidente do Conselho de Pastores Evangélicos de Presidente Prudente, para saber como receberam a medida. Indagado se é contrário à suspensão dos cultos e missas presenciais, padre Rodrigo afirma que a diocese foi contrária, visto que todo cristão deve ser favorável à vida, principalmente para salvaguardá-la nesse momento tão difícil, respeitando aquilo que a ciência e os estudos apontam, como a necessidade de se inibir qualquer tipo de aglomeração. “Respeitamos a decisão e sempre nos colocamos como parceiros colaboradores para que as orientações jamais pudessem fazer com que as pessoas se sentissem distantes da fé por não estarem celebrando presencialmente conosco”, expõe padre Rodrigo.
Já pastor Paulo já pensa com certa diferença. Segundo ele, não ignora a gravidade da Covid-19, e nem a situação calamitosa na qual os hospitais chegaram. No entanto, entende a suspensão total dos cultos como um “equívoco”. Ele cita que a fase restritiva da qual acabam de sair impôs às igrejas uma total impossibilidade de realização de celebrações. Como Conselho de Pastores, diz que houve tentativa de diálogos com autoridades municipais para viabilização, por exemplo, de cultos drive-in, e em todo momento, acabavam esbarrando na ordenação do Estado. No final das contas, as igrejas passaram dois finais de semana impossibilitadas de realizar seus cultos presenciais, poucos dias após terem sido reconhecidas como “essenciais”.
“Digo ser equivocada tal imposição pelo fato de que, a maioria das igrejas vem cumprindo rigorosamente todas as obrigações sanitárias, as quais concordam ser indispensáveis. Algumas, até mesmo indo além no cuidado, criando meios de inscrição online para cultos, e diminuindo ainda mais o percentual de pessoas em celebrações presenciais, e para atender ao máximo possível de pessoas, distribuindo celebrações pela semana, ou duas, três vezes no domingo, para manter o controle e a segurança. Infelizmente, há igrejas que não seguem esses mesmos parâmetros de cuidado, são exceções. No entanto, não é coerente legislar tomando por parâmetro essas exceções”, pontua o pastor.

Retorno muito esperado

Padre Rodrigo comenta que, obviamente gostariam de ter todos os fiéis presentes em cada uma das celebrações, mas é preciso levar a vida como dom precioso de Deus e nesse momento cuidar dela e do próximo como algo sagrado. E o zelo onde as celebrações realmente fazem com que os fiéis possam experimentar um pouco mais das dores, dos sofrimentos de Jesus e com Ele também celebrar a sua Páscoa, a sua ressurreição. “Logicamente que gostaríamos de ter as celebrações presenciais, porém estávamos nos preparando, como já tivemos em outras oportunidades, para um retorno de forma consciente, conduzindo nossas celebrações de forma online, mas aguardando as presenciais”, destaca o pároco da Nossa Senhora do Carmo.
De acordo com pastor Paulo, em todo tempo, tentaram trabalhar junto ao governo municipal o diálogo pensando nas igrejas abertas. Aliás, junto ao Executivo municipal, sempre encontraram portas de diálogo abertas, tanto na gestão passada quanto na atual. A questão se torna complicada quando as decisões fogem da esfera municipal, como foi a penúltima alteração do Plano São Paulo, a qual implementou a fase emergencial. “Entendemos que, de certa forma, os cultos online atendem a uma fatia da igreja. Ainda assim muitas pessoas são prejudicadas tendo por única opção o online [há quem não lide com naturalidade com as tecnologias]. Há também igrejas com pouco ou nenhum equipamento para transmissão ao vivo, o que não apenas deixa a transmissão com um aspecto amador, como, também, algumas vezes, ininteligível ao espectador”, explica o pastor.

Celebrações presenciais

“Acredito na transcendentalidade da reunião do templo. Na fé cristã, por sua raiz judaica, preserva-se o senso comum do templo como 'casa de Deus'. Fora o fato de que o cristianismo é, por essência, uma confissão de cuidado mútuo”, ressalta pastor Paulo. 
Segundo ele, em algumas igrejas, os meios de cuidado mútuo são comuns “além do templo” (por exemplo, na cidade, eles têm igrejas que trabalham com células, grupos de crescimento, grupos pequenos, enfim, reuniões caseiras, com pouca gente), e nestas, o templo serve mais para os encontros celebrativos. No entanto, há também igrejas que detêm o centro de todo seu serviço no templo. Estas acabam ficando de mãos atadas com a imposição de fechamento. “Para ambos os modelos de igreja, porém, o templo é indispensável. A reunião solene, a assembleia dos discípulos, o culto público é muito mais que um hábito: é um estabelecimento bíblico, uma ordenança”, completa ele. 
Padre Rodrigo expõe que na Nossa Senhora do Carmo elas ocorreram independente de forma virtual ou presencial, logicamente que ter os fiéis participando da comum unidade para ele é muito melhor, assim como celebrar uma festa e ter convidados. Isso realmente faz todo o diferencial. Celebrar a Eucaristia, a Festa da Ressurreição, do Amor, do perdão, da misericórdia, do Lava-Pés, onde todos são convidados a serem humildes uns para com os outros. 
“E logicamente que uma festa tem todo o diferencial quando temos os convidados de Cristo conosco. Mas, neste tempo pandêmico não favorece que estejamos todos juntos. Mas confiamos na ciência, no avanço da vacina para que possamos diminuir o distanciamento, e podermos o quanto antes novamente estar em número maior para celebrarmos e nos cumprimentarmos. Mas, por ora, que isso fique guardado como um sentimento nostálgico, benevolente, que poderemos realizar assim que possível”, anseia padre Rodrigo.

Orientações aos fiéis

Padre Rodrigo orienta aos membros que obedeçam a todos os protocolos de segurança e se não tiverem nenhum sintoma gripal, estiverem bem, peguem sua máscara, na igreja distanciem-se nos locais demarcados corretamente e participem com segurança “para que possamos buscar na fé um combustível para conduzir a cada um de nós dentro daquilo que acreditamos ao longo da nossa história, fazendo com que sejamos sempre motivados, fortalecidos pela graça divina”, salienta o religioso. 
Pastor Paulo orienta o mesmo, bem como entendam as asseverações adotadas por suas respectivas igrejas, pois cada uma tem sua liderança local, seu conselho, ou coordenação que, junto do pastor, respondem civil e criminalmente pela igreja, no caso de descumprimento de decretos e leis.
Por isso, não é incomum que as medidas das igrejas sejam asseveradas por entendimento da própria. “Como cada igreja tem uma realidade [algumas, repletas de jovens, outras de famílias, outras com predominância de idosos...], é natural que cada uma tenha, dentro das ordenanças estabelecidas pelos governos, as suas próprias ações protocolares. Então, sendo cada caso um caso, orienta-se aos fiéis contribuir com o cumprimento destes protocolos, e procurar não comparar o comportamento de outras igrejas com o comportamento da sua igreja. Repito, cada caso é um caso, interpretado pela liderança local de maneira local”, destaca pastor Paulo.

Foto: Igreja Maristela

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Foto: Cedida

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