Impacto do coronavírus na região

Frigoríficos e produtores rurais regionais se preocupam pela insegurança que a epidemia traz ao comércio de carnes com a China, onde o vírus surgiu e de onde se espalha para outros países do mundo

REGIÃO - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 01/02/2020
Horário 08:22
Arquivo - Biancardi acredita que, em um segundo momento, a demanda pela carne brasileira pode até crescer
Arquivo - Biancardi acredita que, em um segundo momento, a demanda pela carne brasileira pode até crescer

Os impactos internacionais do surto da nova cepa do coronavírus, considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) uma emergência global, com epicentro na metrópole chinesa de Wuhan, já são evidentes, além de ter se espalhado por vários países do globo, já havendo, inclusive, casos suspeitos no Brasil. Desta forma, já atinge setores como o turismo e economia, especialmente, de acordo com a “Agência Brasil”, a Bolsa de Valores de Xangai. Em Presidente Prudente e região, o temor instaurado entre os proprietários de frigoríficos e produtores rurais é a respeito das exportações de carne para a China.

Foi manchete no jornal O Imparcial em 23 de novembro de 2019, o aumento do preço da carne motivado pela busca chinesa pela carne brasileira, após o país asiático sofrer com a mortandade do rebanho suíno, causado por uma gripe que o obrigou a abater todo o rebanho. Agora, a dúvida sobre o futuro deste grande acordo comercial começa pairar.

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente, Carlos Roberto Biancardi, os impactos do vírus ainda não atingiram o comércio de carne bovina nos frigoríficos da região, visto que, de acordo com Biancardi, a epidemia é recente e ainda não há medidas oficiais que “brequem” a exportação.

Por outro lado, o presidente do sindicato admite que há a insegurança entre os produtores rurais e proprietários de frigoríficos. “Todos estão na expectativa, pode haver redução, por parte da própria China, das importações de carne brasileira”, explica.

“O prejuízo, se houver, é geral”, completa Biancardi. Isso porque a demanda asiática, especialmente chinesa, “é o que tem sustentado o mercado brasileiro e regional” ao menos nos últimos 90 dias. “Se reduzir a comercialização, vamos ter dificuldade”, acredita.

Em um segundo momento, entretanto, Biancardi acredita em uma reação do mercado chinês, impulsionada, até, pela dúvida da situação sanitária dos alimentos do país asiático, que, inclusive, são os possíveis causadores da infecção viral, por meio de sopas de morcegos ou serpentes, e que agora se prolifera entre os humanos. “É possível que a China, para abastecer o mercado interno, aumente as importações de carne bovina brasileira, beneficiando a região”, completa o presidente do Sindicato Rural.

CONSTANTE

MONITORAMENTO

A Assessoria de Imprensa do Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) informa que ainda não há qualquer preocupação em relação à exportação de carne brasileira para a China, visto que “o medo é o contágio de pessoa para pessoa, e não em relação à alimentação, menos ainda em relação à carne brasileira”, afirma.

Segundo a associação, há o constante monitoramento da situação. “Mas, a princípio, não observamos redução na exportação de carne bovina, ou mesmo de suínos e aves”. A assessoria reitera ainda que acompanham as medidas tomadas pelo país asiático frente à epidemia, e “pelas medidas acertadas, a tendência é o controle da situação”.

A reportagem tentou contato com alguns frigoríficos de Prudente e região que possuam autorização de exportações para a China, mas dos que responderam às chamadas, todos preferiram não comentar o assunto.

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