Incêndio destrói 5 mil m² de área de preservação ambiental

Espaço destinado ao Bosque do Centenário possui 1,4 mil árvores plantadas; perícia deve informar possíveis causas da ocorrência

PRUDENTE - ROBERTO KAWASAKI

Data 28/06/2018
Horário 04:00
Marcio Oliveira - Incêndio no Bosque do Centenário consumiu cerca de 5 mil m² de área
Marcio Oliveira - Incêndio no Bosque do Centenário consumiu cerca de 5 mil m² de área

Ao fim da manhã de ontem, um incêndio de grandes proporções destruiu cerca de 5 mil metros quadrados de APP (área de preservação permanente), no Bosque do Centenário, localizado às margens do Córrego do Veado, em Presidente Prudente. O espaço foi oficialmente lançado pela Semea (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) em março, quando houve o plantio de 50 mudas nativas, como ipê-rosa, pau-brasil e espécies frutíferas. Conforme explica Wilson Portella Rodrigues, secretário da pasta, o local contava com 1,4 mil árvores plantadas, no entanto, explica que será necessário um trabalho pericial para estimar o prejuízo causado pelo incêndio.

O secretário conta que será efetuado um boletim de ocorrência, a fim de registrar o caso e buscar possível envolvimento criminoso, uma vez que tem observado “descuido” da sociedade quanto à preservação de áreas verdes. Diante da situação, Portella diz contar com a participação dos munícipes, a fim de evitar as queimadas, “principalmente nesta época do ano, em que o tempo está seco e sem chuvas”. Devido ao cenário atual, o secretário acrescenta que a vegetação seca fica vulnerável ao fogo.

Ainda segundo Portella, o Bosque do Centenário, consumido pelas chamas, estava sendo preparado para receber a estrutura de um projeto “que vai dar aparência de um bosque” ao espaço. Idealizado por engenheiros e arquitetos, não foi informado um prazo para levantar a obra, uma vez que “devem ser adquiridos recursos para colocá-la em prática”. “O prejuízo maior é o valor sentimental do que foi perdido, porque o plantio das árvores envolveu a comunidade. Ficamos chateados com este fato”, lamenta.

Combate às chamas

Conforme o Corpo de Bombeiros que apagou as chamas no Bosque do Centenário, a guarnição foi acionada por volta das 11h30, quando o incêndio já havia se iniciado. Ao chegar ao local, a equipe se deparou com aproximadamente 5 mil metros quadrados de área verde queimada, momento no qual deu início ao combate às chamas. De acordo com os bombeiros, foram necessários dois caminhões para ajudar no trabalho, que gastaram em média 5 mil litros de água.

A reportagem esteve no local e acompanhou por alguns minutos a ação dos bombeiros, sendo que uma hora após o início do trabalho, a guarnição já havia controlado boa parte do fogo. Na área verde, foi possível observar a presença de cavalos que pastavam pelo local, bem como de gatos e cachorros da vizinhança, que corriam por entre a fumaça. No entanto, segundo os bombeiros, até o início da tarde, não havia informações sobre vítimas ou animais feridos. 

Enquanto ocorria o incêndio no Bosque do Centenário, a reportagem presenciou grande quantidade de fumaça nas proximidades do Jardim São Luiz, em Prudente. No local, uma extensa área de vegetação também estava em chamas, aos fundos de uma empresa de sementes. Pombos voavam desnorteados, chamas subiam pelos troncos de pés de eucalipto, animais que pastavam pelas imediações continuavam à mercê do fogo. Conforme a equipe do Corpo de Bombeiros que esteve na ocorrência, até às 14h de ontem, não era possível estimar a quantidade da área queimada, motivo pelo qual o incêndio já durava quase três horas. O vento e o clima seco também estavam fortes no local, contudo, não houve vítimas.

Como noticiado por este diário, neste ano, o número de queimadas quase triplicou na região. De janeiro a maio de 2017, foram registrados 278 focos, sendo que, no mesmo período de 2018, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) aponta que foram 734 ocorrências. O capitão do Corpo de Bombeiros, Alex Brito de Moura, afirma que a baixa umidade relativa do ar é um fator que contribui para o aumento da quantidade de queimadas. Neste inverno, haverá queda de 10% no índice de chuvas se comparado à média histórica da cidade. “Isso se deve ao fato de que já estamos passando por um tempo seco, que vai se agravar ainda mais e teremos pouca chuva até agosto”, avisa o meteorologista Vagner Camarini.

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