Indústria tem queda de 15% no volume de negócios

Conforme representante do setor, categoria já sofria com déficits, mas piorou com a greve dos caminhoneiros; classe ainda sente reflexos

REGIÃO - THIAGO MORELLO

Data 26/10/2018
Horário 07:49
Arquivo - Diretor regional do Ciesp/Fiesp diz que indústria já sofria antes da greve
Arquivo - Diretor regional do Ciesp/Fiesp diz que indústria já sofria antes da greve

“Vamos imaginar que uma pessoa está sofrendo com uma febre, e, de repente, a sua casa fica sem telhado, deixando-a a mercê de chuvas, vento e sereno. Naturalmente, a febre vai se agravar para um quadro de saúde pior”. É com essa analogia que o diretor regional do Ciesp/Fiesp (Centro e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Wadir Olivetti Júnior, tenta mostrar o que o setor da indústria tem passado com o tempo, o que fomentou uma perda de 15% no volume de negócios. O exemplo literário é colocado por ele para ilustrar a crise de quatro anos que a categoria vem enfrentando, que se agravou com a greve dos caminhoneiros, em maio deste ano. Os reflexos do movimento são sentidos até hoje.

O que o diretor regional deixa claro é que o movimento grevista não foi o fator principal a causar a crise no setor, no entanto, a classe, que já vinha sofrendo, não estava preparada para uma queda ainda mais acentuada, que foi o que ocorreu quando as paralisações iniciaram. “Foi prejudicial pelo momento que estávamos passando”, completa.

E questionado sobre os pontos mais críticos, Wadir esclarece primeiro que o transporte rodoviário tem “suma importância para o Brasil”, e que, por isso, as empresas diminuíram as duas produções e insumos, interrompendo as compras e, consequentemente, as vendas. E dentro os segmentos, aqueles que precisam de “matéria-prima para eletrônicos e químicos, como metalúrgicos e também o ramo alimentício”, foram os mais prejudicados, afirma o representante do Ciesp/Fiesp, que também promove o consumidor como, na verdade, a peça que mais sofre nessa cadeia de crise.

Transporte rodoviário

À reportagem, Wadir entende que a luz no fim do túnel possa vir “na renovação de atitudes governamentais, com forte intervenção econômica, para que traga mais ânimo para todo o mercado”, e principalmente ao transporte rodoviário, que tem sofrido com o tempo.

Representante da classe, o presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos, Caminhoneiros Autônomos e Transportadores Autônomos de Passageiros de Presidente Prudente e região, Natal Aparecido Brunholi, confirma o “tormento” que os trabalhadores têm vivido, além de apontar que, após o movimento grevista, pouco a pouco a situação foi ficando até mesmo pior. “As mudanças foram muito paliativas. No decorrer dos meses, o pedágio foi subindo, não há segurança, estradas ruins, não há lugar para descanso. É uma preocupação muito grande. Na época, nos 11 dias de paralisação mostramos que o caminhoneiro pode parar o Brasil, mas, mesmo assim, não temos a valorização necessária”, aponta.

O sidicalista ainda destaca que teve uma reunião em São Paulo, no dia 20 de setembro, com todos os sindicatos do Estado, quando abordaram os problemas, “que ocorrem em âmbito geral”. E assim como o representamte das indústrias, ele torce para que as repostas venham “com a transição de governo, seja ele qual for”.

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