Iniciativa fomenta troca de cigarro por maçã em Prudente

Segundo instrutora de programa contra as drogas, a fruta desintoxica e controla a ansiedade; ação contou com auxílio de alunos do Colégio Braga Mello, que realizaram pedágio educativo

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 30/08/2016
Horário 07:44

 


Com o objetivo de conscientizar a população sobre os malefícios do cigarro, instrutores do Proerd (Programa de Resistência às Drogas e à Violência) e alunos do Colégio Braga Mello promoveram, na manhã de ontem, na Rua Coronel Albino, em Presidente Prudente, defronte à instituição, um pedágio educativo a fim de abordar motoristas e pedestres e incentivá-los a trocar um cigarro por uma maçã. De acordo com a cabo da Polícia Militar e instrutora do programa, Verginia Leite, o ato faz alusão ao Dia Nacional de Combate ao Tabagismo, lembrado ontem, e coloca em prática o que foi trabalhado em sala de aula por meio do Proerd. "As crianças estão aqui como agentes comunicadores para orientar as pessoas sobre os perigos do cigarro, que é a droga mais consumida e que mata 200 mil dependentes por ano no Brasil, de acordo com a OMS ", aponta Verginia. Segundo a instrutora, até o fim da ação, mais de 100 condutores de veículos foram abordados.

Jornal O Imparcial Alunos abordaram condutores e propuseram troca saudável durante pedágio educativo

Ao ser parado pelas crianças e autoridades, o motorista ou pedestre que alegava ser fumante era estimulado a entregar um cigarro e receber uma maçã em troca, dada pelos estudantes. Conforme Verginia, a escolha da fruta se dá em virtude de suas propriedades desintoxicantes. "Além disso, a maçã clareia os dentes, que escurecem por causa do consumo do tabaco, e ajuda no controle da ansiedade, fator que impulsiona o desejo pelo cigarro", expõe. A instrutora afirma que, no decorrer da ação, as pessoas estavam sendo bem receptivas e até mesmo quem fumava ao volante apagou o cigarro ao ser abordado. "Isso mostra que as pessoas querem fazer o correto diante das crianças, que, ao cobrar os adultos, transmitem a informação e aprendem os riscos de se envolver com a droga no futuro", pontua.

 

Participantes


O aluno do 5º ano do ensino fundamental, Luiz Fernando Olivetti Albieri Zanon, 10 anos, ficou responsável por coletar os cigarros entregues pelos fumantes. Para ele, a ação é muito importante, pois dissemina os efeitos prejudiciais do cigarro e os benefícios da maçã para o organismo. "Infelizmente, uma pessoa ou outra mente, porque tem vergonha de dizer que é fumante. Houve até um motorista que entregou apenas a embalagem, sem os cigarros dentro. Isso não é legal, porém, no geral, as pessoas estão sendo bastante receptivas", relata.

Os aprendizados obtidos na escola e na prática se estendem para a casa de Luiz Fernando. O garoto agora trava uma batalha com o pai, que é dependente do cigarro. "Estou tentando fazê-lo parar. Quando me vê, ele apaga o cigarro, mas o objetivo é que não fume nem quando não estou por perto. Não vou desistir", enfatiza. Para ele, o desafio não é em vão. "Em sala de aula, aprendemos sobre a nicotina, que é a substância que causa a ansiedade em fumar outro cigarro. Estou querendo alertar meu pai que isso faz mal para a saúde e pulmões. Não quero perdê-lo", salienta.

Caracterizada com uma fantasia representando a morte, a estudante do 5º ano, Ana Julia Quinhones Antonio, 11 anos, diz que a personagem visa alertar os fumantes sobre o futuro ao qual podem estar expostos. "O cigarro prejudica muito as pessoas. Estamos aqui para ajudá-las a parar de fumar", ressalta.

 

Família

A mãe de Luiz Fernando, Samantha Olivetti Albieri, 41 anos, esteve no local para acompanhar o ato, que, segundo ela, é um serviço "admirável". Ela conta que é ex-fumante e deixou o vício quando ficou grávida de Luiz Fernando. "Foi a minha maior libertação. Certamente, a melhor coisa que fiz na vida depois de ser mãe", descreve. Samantha acredita que, hoje, é mais fácil evitar o vício, pois a informação é muito maior. "Na minha época, os comerciais de televisão mostravam o cigarro como algo divertido, já hoje temos várias campanhas que mostram o contrário e disseminam o conhecimento para a criança desde cedo. O maior conselho que dou: não experimentar", avalia.

Livre do vício, Samantha torce agora pelo marido. "Está no caminho para parar. Meu filho pega no pé dele", realça. Para ela, o desenvolvimento de atividades como essa na escola ampliam a conscientização para diversos âmbitos, desde os mais restritos até os mais amplos. "É extremamente importante. Ninguém nasceu fumando para morrer fumando", pontua.

 
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