Investigados em operação do Gaeco são condenados por organização criminosa

Indivíduos agiam sob ordens de lideranças detidas na P2 de Venceslau e foram alvo de ação deflagrada em 2020; penas ultrapassam 27 anos de prisão em regime fechado

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 06/12/2022
Horário 16:56
Foto: MPE
Operação Sharks foi deflagrada pelo Gaeco em setembro de 2020
Operação Sharks foi deflagrada pelo Gaeco em setembro de 2020

Quatro homens ligados a uma facção criminosa foram condenados em sentença do dia 25 de novembro deste ano. Investigados na Operação Sharks, eles tinham sido denunciados pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) por violação à lei nº 12.850/2013, que trata de organizações criminosas. Aumentadas em virtude do uso de armas de fogo, as penas, somadas, ultrapassam os 27 anos de prisão em regime fechado. 

Os indivíduos agiam sob ordens de lideranças detidas na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P2 de Presidente Venceslau.

Segundo promotores de Justiça do Gaeco, os réus tinham funções variadas dentro da facção, atuando para possibilitar a comunicação entre integrantes presos e soltos, o tráfico de drogas e a movimentação de valores obtidos com as práticas criminosas.

Todos os condenados já estão presos.

Operação Sharks

A Operação Sharks foi deflagrada pelo Gaeco, com apoio da Polícia Militar e do 1º Batalhão de Polícia Militar de Choque, a Rota, em setembro de 2020, com o objetivo de cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra lideranças da maior facção criminosa que age nos presídios e nas ruas do país.

Participaram da operação promotores de Justiça, agentes do MPE (Ministério Público Estadual) e mais de 250 policiais militares, utilizando 65 viaturas. Foram expedidos pelo juiz Ulisses Augusto Pascolati Junior, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, 40 mandados de busca e 12 mandados de prisão para cumprimento em São Paulo e cidades da região metropolitana, da Baixada Santista e do interior.

As investigações, conduzidas por uma força-tarefa do MPE composta por oito promotores de Justiça e agentes de investigação com apoio da Polícia Militar, foram iniciadas no primeiro semestre de 2019, a partir do cruzamento de múltiplos dados, mirando integrantes dos principais escalões da facção criminosa.

As provas colhidas revelaram que a cúpula da facção movimentava mais de R$ 100 milhões anualmente. Esse dinheiro era proveniente, basicamente, do tráfico de drogas e da arrecadação de valores de seus integrantes, tudo com rigoroso controle em planilhas. 

As investigações mostraram a cadeia logística do tráfico de drogas da facção, bem como a sucessão entre suas principais lideranças à frente da fonte de maior renda da organização criminosa, apontando a participação de 21 criminosos, alguns presos durante a apuração dos fatos.

Para ocultar centenas de milhares de reais semanalmente, os investigados compravam veículos e se valiam de imóveis com fundos falsos, onde guardavam dinheiro vivo antes de realizar transferências, muitas vezes por intermédio de doleiros. 

"Operação importante"

Durante coletiva de imprensa ocorrida na capital paulista naquele mês, o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco, falou sobre o êxito da Operação Sharks.

“Considero como a operação mais importante depois da transferência da liderança [da facção paulista] para o sistema penitenciário federal”, afirmou Gakiya. “A operação é inovadora e extremamente importante, porque nós conseguimos, por meio do trabalho muito bem feito, identificar e mapear toda a liderança da facção criminosa que assumiu as funções do Marcola e demais líderes”, explicou o promotor na época.

De acordo com o representante do Ministério Público, que há anos estuda a facção que tem a maior renda advinda do tráfico nacional e internacional de drogas, os mandados de prisões atingiram as sintonias finais de rua, ou seja, aqueles que têm o poder de comandar a facção tanto dentro quanto fora do sistema prisional de todo o país. “Não é a operação mais importante pelo número de investigados, mas pela qualidade desses investigados”, salientou.

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