Irisina e sua saúde

Jair Rodrigues Garcia Júnior

Artigo da revista científica Science de 2012 tinha o título curioso de “Irisina, acenda meu fogo” (referência à música do The Doors – Light my fire). Na ocasião a descrição da proteína Irisina havia sido publicada na revista concorrente, Nature. Para quem não é da área científica, estas são as principais publicações científicas no mundo e quando um tema é publicado nas duas, significa que tem “muita relevância”.

Deusa mensageira

A Irisina é uma proteína de sinalização e recebeu esse nome em referência à deusa grega Iris, a mensageira. Foi identificada como um produto dos músculos, assim como outras proteínas produzidas neste tecido, chamdas de miocinas e ação de hormônios. E, adivinhe, a produção da Irisina aumenta com a contração muscular.

Interdependência

Os sistemas fisiológicos, cada qual com sua função, são mutuamente dependentes. A comunicação entre os músculos com os órgãos e sistemas é contínua e se intensifica com o esforço físico, provocando adaptações benéficas em todos eles. Por isso, um novo paradigma está se consolidando na fisiologia: músculos ativos são agentes fundamentais para manutenção das funções fisiológicas ao longo da vida.

Acenda o fogo

A descrição na Nature foi sobre o papel da Irisina na sinalização direta entre os músculos e o tecido adiposo (reserva de gordura). Quando em contração vigorosa (exercício físico) os músculos produzem e secretam a Irisina, que chega ao tecido adiposo, aumenta a taxa metabólica e faz com que parte da gordura seja “queimada” no próprio local. Outra parte da gordura é liberada no sangue e chega até os músculos, os principais queimadores.

Diabetes etc

A Irisina também tem efeitos no controle da glicemia, pois diminui a resistência à insulina, que caracteriza o Diabetes tipo 2. Estudos já apontaram relação inversa entre a concentração de Irisina e o Diabetes tipo 2. Estudos recentes também associaram a Irisina com a prevenção e terapia da doença de Alzheimer, justamente por controlar o metabolismo da glicose e por estimular os neurônios. Além disso, tem efeito na massa óssea (aumento), ao estimular os osteoblastos, as células da formação óssea. Informações que devem receber especial atenção dos adultos de meia-idade e idosos.

Pandemia

Ante a pandemia de sobrepeso que atinge 39% dos adultos no mundo, fatores que podem contribuir para diminuição da gordura corporal realmente merecem destaque nas revistas Nature e Science. Músculos representam a maior massa do corpo, tem inscrível capacidade de adaptação, têm intensa atividade metabólica quando em contração, queimam gordura e secretam proteínas, como Irisina e outras, que auxiliam a manter a homeostase, fundamental para saúde. Definitivamente, sedenterismo não é uma boa opção.

 

Publicidade

Veja também