Jardinagem é terapia caseira na quarentena 

Resultado desses benefícios psicológicos de se dedicar ao cuidado das plantas ajuda também os viveiros, que registraram aumento de 50% nas vendas desde o início da pandemia

PRUDENTE - MARCO VINICIUS ROPELLI

Data 30/08/2020
Horário 04:00
Weverson Nascimento - Fernando garante os efeitos terapêuticos que as plantas possuem e fala em energias positivas 
Weverson Nascimento - Fernando garante os efeitos terapêuticos que as plantas possuem e fala em energias positivas 

O confeiteiro Fernando de Moraes Silva, 30 anos, quando começou a pandemia do novo coronavírus, se viu em uma situação desconfortável. Ele, que já trabalhava em casa, começou a passar 24 horas entre as paredes do lar e, dessa forma, não pôde evitar a crise de ansiedade. Durantes momentos difíceis e a busca por auxílio psicológico profissional, uma ideia partiu de sua mãe: “Por que não dedica mais tempo às suas plantas para se distrair?”. 
É verdade que Fernando já cultivava algumas plantas em sua casa, em Presidente Prudente, todas em vaso, por não dispor de canteiros. “Eu cresci no meio de plantas, mas não era uma coisa que ia bem nas minhas mãos. Quando, em 2016, fui morar no Paraguai, trabalhei e morei em um hostel e lá havia muitas plantas que eu precisava cuidar, então, comecei a mexer com terra lá. Quando voltei para cá, comecei a comprar plantas”, afirma o confeiteiro.
Quando iniciou a pandemia, ela já possuía flores, hortaliças e árvores frutíferas para zelar, bastava um dia de trabalho na semana para mantê-las bem. Depois da ideia da mãe, entretanto, Fernando comprou três vasos grandes para cultivar mais plantas e o trabalho terapêutico passou a ser diário. “Desde então, posso dizer que melhorei 90% da ansiedade”, afirma, creditando a melhora às energias positivas que as plantas transmitem aos homens. 
Em sua flora, Fernando tem mais de 80 espécies em vasos, como alface, manjericão, cactos, samambaias, jabuticaba e dezenas de flores. 

Há reflexos em viveiros?

O proprietário do Viveiro Esmeralda, Davi Honorato da Silva, 44 anos, e o proprietário do Viveiro Encanto da Natureza, Antônio Alves Correia, “Toninho do Horto”, 64 anos, possuem a mesma visão acerca da demanda por insumos para jardins, hortas e pomares durante a pandemia, ambos afirmam que o aumento está na casa dos 50%. 
“As pessoas ficam em casa e passam tempo cuidando das plantas, dos vasos”, afirma Toninho. Davi segue a mesma linha, acrescentando que muitas pessoas aproveitaram o tempo ocioso para formar hortas e pomares em quintais e chácaras, mas afirma que com a volta gradual das atividades, como, por exemplo, do comércio, o aumento descrito também já está voltando a patamares anteriores. 

Recomendações aos estreantes

A bióloga do Viveiro Ver Te Verde Ambiental, Thainá Gonçalves, 27 anos, dá dica para aqueles que desejam cultivar plantas em casa, mas não têm experiência no assunto. “Geralmente, devem começar com cactos, suculentas, pois são plantas mais resistentes e que demandam menos cuidados”, afirma. Davi, por sua vez, sugere que o estreante busque por plantas com base no espaço que tem para cultivá-las. Se tiver bastante sol, escolha plantas de sol, como rosas-do-deserto, rosas em geral, primavera, se tiver muita sombra, prefira, claro, as plantas que se dão melhor nesse ambiente, como o antúrio e o lírio-da-paz. 
O mais importante, na verdade, aponta Thainá, é deixar-se envolver pela maravilha da natureza. “Tem que ter cuidado, ficar de olho, aguar... Quanto mais cuida, mais vê diferenças em pouco tempo. É como se fosse um animal de estimação, a satisfação de vê-las crescer e se desenvolver já nos faz mais alegres”, enfatiza.

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