JBS fechará frigorífico em Epitácio na 6ª-feira

REGIÃO - Mariane Gaspareto

Data 14/06/2016
Horário 09:59
 

 

A JBS/Friboi anunciou o encerramento das atividades de sua unidade em Presidente Epitácio na sexta-feira. Essa será a segunda vez em que ocorre o fechamento do frigorífico na cidade. Aos 795 funcionários foram oferecidas duas opções: o desligamento, ou a transferência para outras unidades no Mato Grosso do Sul. Por conta disso, tanto o sindicato dos trabalhadores quanto o Executivo municipal começaram a articular desde ontem negociações com autoridades para evitar que o anúncio se concretize.

Jornal O Imparcial Funcionários serão transferidos ou desligados da unidade

A JBS alega que vinha mantendo com "muito esforço" o equilíbrio econômico financeiro de sua unidade em Epitácio, mas que tornou-se "inviável" a manutenção do frigorífico após a decisão do governo do Estado de São Paulo de alterar as regras tributárias em abril, com a publicação do Decreto 61.907/16.

Conforme o documento anterior, as indústrias do setor poderiam acessar créditos acumulados de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) mesmo com débitos inscritos na dívida ativa estadual, algo que foi alterado com o novo decreto, que permite o acesso de apenas 50% do crédito, sendo o restante destinado para a liquidação das dívidas com o fisco decorrentes de autos de infração e multas.

Em fevereiro, uma força-tarefa de auditores fiscais do MTPS (Ministério do Trabalho e Previdência Social), com apoio do MPT (Ministério Público do Trabalho), encontrou diversas irregularidades e chegou a interditar equipamentos no frigorífico, gerando a paralisação das atividades. Os órgãos não divulgaram, no entanto, a quantidade de autos de infração emitidos durante a fiscalização.

A JBS informou ainda que a decisão de encerrar as atividades foi devidamente comunicada ao sindicato e ao MPT. A empresa garantiu aos colaboradores que não aceitarem a transferência, que o desligamento será feito de acordo com aquilo que prescreve a legislação, bem como todos os acordos e regras vigentes.

 

"Sem chão"

"É uma lástima pra todos nós, essa notícia deixou a gente sem chão, ninguém esperava". Esse é o sentimento comum entre os quase 800 trabalhadores que agora receiam por seus futuros, relata o desossador Wilson Jorge dos Santos, 36 anos. Para ele, apenas a minoria dos trabalhadores aceitará a transferência para outro Estado, por conta do alto custo da mudança e das incertezas que ela acarreta. "Não temos outra fonte de emprego", lamenta.

Até o presidente do Sintiapp (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Presidente Prudente e Região), Roberto Moreira, foi pego de surpresa pelo anúncio. "Já estava ocorrendo uma paralisação desde a semana passada, mas eu imaginei que a direção do frigorífico quisesse discutir questões salariais na reunião que marcaram hoje , não fechar a unidade", declara.

O Sintiapp pretende realizar uma passeata pela cidade amanhã para angariar apoio do comércio e da população. Roberto garante que ainda hoje começará a contatar autoridades políticas para que o fechamento não se concretize. A mesma iniciativa foi tomada pelo prefeito Sidnei Caio da Silva Junqueira, Picucha (PSB). Em nota, o chefe do Executivo informou que "não medirá esforços" para tentar reverter a situação e que já entrou em contato com vereadores, deputados e agendou reunião no Palácio do Governo do Estado. Em sua página no Facebook, o deputado estadual Mauro Bragato (PSDB) afirmou que "já está na luta para buscar apoio para encontrar alternativas que garantam centenas de empregos".

 

SAIBA MAIS

NÃO É A PRIMEIRA VEZ


O frigorífico reabriu suas portas em 2012, reativando os trabalhos em todas as áreas da indústria, após ter suspendido suas atividades no ano anterior. A fábrica foi construída no fim da década de 1970 e tem sido administrada pela JBS/Friboi desde 2001. Sua reabertura proporcionou 700 novos postos diretos de trabalho na comunidade, produzindo 9,5 mil toneladas de carne por mês. Em 2014, houve rumores sobre a possibilidade de um novo fechamento, quando os trabalhadores receberam férias coletivas. No entanto, a empresa apontou que a medida era "mercadológica" e não efetuou o encerramento das atividades na ocasião.
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