Jesus, o caminheiro chega à Cidade da Paz 

Mas, será que pode sair alguma coisa boa de Nazaré? João 1.46 

OPINIÃO - Saulo Marcos de Almeida

Data 30/03/2021
Horário 06:00

Nazaré é uma cidadezinha de mais ou menos 30 casas na Galileia, norte de Israel. Lugar rústico e muito simples onde Jesus passa a infância até iniciar o ministério de pregação e ensino do Reino de Deus.  A localização da pequena cidade facilita o trânsito intenso e a passagem de estrangeiros na região. A economia de subsistência é muito conhecida por sua pesca e pescadores, por causa do mar/lago da Galileia, lugar de alimento e geração de trabalho. Os impostos são pesados aqui. 
Terra de analfabetos e de sotaque caipira.  
Lugar de gente trabalhadora, pobre e que sofre todos os tipos de estigma, exclusão e preconceito. Os galileus nunca têm condições financeiras de ir à Jerusalém para a visita ao templo e as festas ficando distantes, inclusive, do cuidado religioso dos fariseus e saduceus, sacerdotes de então. 
Galileia, Nazaré, região periférica e socialmente abandonada na palestina dominada pelo império romano. 
Jesus não nasce em Nazaré. Por conta do recenseamento seus pais deixam a cidade até Belém, pois eram da tribo de Judá e o Censo exige que o registro da família seja feito em terra natal.  
Ali nas bandas do Sul, perto de Jerusalém, Maria, grávida sente as dores de quem precisa dar à luz a uma criança. Não há pousada nem qualquer pensão, o desprezado nazareno vem ao mundo numa simples manjedoura na cidade de Belém, terra de Davi e recebe o nome de Jesus.  
Algumas décadas depois, consciente de sua morte e paixão, nas terras onde nasceu, Jesus o Cristo retorna ao centro político, econômico, religioso e militar: Jerusalém, Cidade da Paz. 
No coração daquela gente aguarda-se um rei poderoso que haveria de lutar e o povo judeu libertar das agonias e agruras do impiedoso império. 
Então Jesus toma emprestado um jumentinho para com ele entrar na cidade. Uma estrada e uma cruz o aguardam no trote manso e singelo daquele simples animal. 
Não pela entrada triunfal que se dá quando os imperadores, reis e guerreiros acessam a sua gente. Mas, pela especificidade da chegada àquela tão importante cidade: ele não faz parte da nobreza; cavalo de raça não tem; rosto queimado de sol; túnica empoeirada e batida pelo tempo; alguns homens malvestidos e malcheirosos o acompanham... Vê-se um tanto de gente lançando ramos à frente do bicho que o leva, no embalo de um coro jamais ouvido aqui: Hosana, bendito o que vem em nome do Senhor! 
A cena, naturalmente, chama a atenção e inicia o drama/trama abscôndito na pergunta entre os transeuntes, sobretudo, desvelando os religiosos que detêm o saber e o poder de então, ao apontar de maneira inequívoca para o preconceito que se tem: Quem é ele? Mas a questão era bem outra: Quem ele pensa que é? 
Entre a cena singela e a curiosidade comum de um povo incrédulo vem a resposta: Este é o profeta Jesus de Nazaré, da Galileia! 
A semana santa inicia na simplicidade de um rei, montado em um jumentinho, despojado de coisas e apaixonado por gente, amoroso e que ainda se entrega por você, por mim e por todos nós! Feliz semana pascal! 

 

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