Laboratório de Toxicologia do IML usa a ciência contra o crime

Álcool é a substância mais encontrada pelos peritos nas pesquisas feitas; cocaína, medicamentos e inalantes também são muito frequentes

Geral - DA REDAÇÃO

Data 21/10/2020
Horário 10:31
SSP - Laboratório de Toxicologia do IML  é vinculado à Superintendência da Polícia Técnico-Científica
SSP - Laboratório de Toxicologia do IML é vinculado à Superintendência da Polícia Técnico-Científica

As polícias de São Paulo utilizam diferentes métodos e técnicas de investigação para elucidar crimes. Para cada situação existem ferramentas específicas de análise das evidências coletadas em locais e pessoas, com o objetivo de determinar as circunstâncias e a autoria de delitos. A partir de modernos procedimentos científicos são produzidos laudos técnicos e provas materiais para fundamentar inquéritos policiais e os respectivos procedimentos jurídicos.

No Laboratório de Toxicologia do IML (Instituto Médico Legal), que é vinculado à Superintendência da Polícia Técnico-Científica, por exemplo, são avaliados casos em que há suspeita de intoxicação tanto em vítimas, quanto nos autores dos crimes.

Os peritos do laboratório atuam de maneira complementar ao trabalho dos médicos legistas pesquisando a presença de substâncias químicas nos envolvidos em episódios que resultaram em óbitos, em situações de agressões, violência sexual e infrações de trânsito. 

Segundo o diretor do Núcleo de Toxicologia do IML, Victor Gianvecchio, o laboratório analisa, em média, 2 mil casos por mês, sendo que 60% desse volume é proveniente de amostras biológicas de cadáveres.

“São cerca de 22 mil casos por ano, porém cada caso pode envolver várias análises toxicológicas, o que totaliza um número muito maior de análises realizadas no laboratório. São realizadas pesquisas de álcool, de drogas, de medicamentos, de inalantes e de venenos, entre outras, em diversas matrizes biológicas, como urina, sangue e fragmentos de vísceras”, sempre por solicitação do médico legista ou da autoridade policial, explica o diretor. 
 
Gianvecchio ressalta, ainda, a complexidade das pesquisas feitas no laboratório, especialmente nos trabalhos complementares às autópsias.

“Nós somos acionados quando a suspeita de intoxicação está relacionada à causa ou às circunstâncias de um homicídio, por exemplo. Nesses casos, investigamos se existe algum tipo de substância química na amostra biológica. É como procurar agulha no palheiro”, revela.

Foram os peritos do laboratório que identificaram a presença de veneno utilizado para matar ratos, conhecido popularmente como “chumbinho”, em comida oferecida a moradores de rua na cidade de Itapevi, na Grande São Paulo, em caso registrado em julho deste ano. Duas pessoas morreram. 

Estrutura de ponta

Para atender a grande demanda de trabalho, os peritos do Laboratório de Toxicologia do IML contam com estrutura de ponta e equipamentos de última geração, como o cromatógrafo líquido acoplado a espectrômetro de massas adquirido em 2019 pelo governo do estado, ao custo de aproximadamente um milhão de reais.

“Esse equipamento nos permite, inclusive, identificar novas substâncias psicoativas colocadas no mercado de drogas sintéticas pelo tráfico internacional e que ainda não constam nas listas oficiais de produtos proibidos”, completa Gianvecchio.

Álcool prevalece

O álcool é a substância mais encontrada pelos peritos nas pesquisas feitas no laboratório. Cocaína, medicamentos e inalantes também são muito frequentes.

“O álcool está associado a diversos tipos de ocorrência, como acidentes de trânsito, homicídios e suicídios. Mas também temos constatado presença de cocaína em grande número de casos, e um preocupante aumento nos óbitos provocados por inalantes como clorofórmio e cola de sapateiro, muito utilizados por jovens de maneira recreativa”, alerta o diretor do Núcleo de Toxicologia do IML.

Já os medicamentos são muito utilizados em golpes como o Boa Noite Cinderela, quando doses de calmantes são adicionadas às bebidas das vítimas para deixá-las inconscientes.

“Essas substâncias estão presentes em casos de estupros, estelionato e outros crimes contra o patrimônio. Em geral, as vítimas são dopadas e quando acordam não se lembram de terem sido agredidas, abusadas ou roubadas. Nosso trabalho é identificar essas substâncias para ajudar a comprovar os delitos e garantir que os responsáveis sejam punidos de acordo com a lei”, explica Gianvecchio.

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