Labuta diária está em obras de artista mato-grossense

Exposição de Sebastião Mendes será lançada hoje, no Matarazzo; pinturas que enchem os olhos, fragmentos do cotidiano do povo interiorano

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 08/11/2016
Horário 07:28
 

Ah, "Brasilidades"! Uma multiplicidade de personagens que na labuta diária vão construindo suas vidas garimpando, cortando cana, colhendo algodão, tratando os animais, festejando suas crenças e as relações sociais com os amigos e família de ribeirinhos! Pense em todos esses momentos, em cada cena! Pois bem, a partir de sua sensibilidade, no que observa ao seu redor, é o que o artista plástico mato-grossense, Sebastião Mendes da Silva, 50 anos, vai constituíndo em suas obras, pinturas que enchem os olhos, fragmentos do cotidiano do povo interiorano. Quer saber o melhor? Tudo isso pode ser apreciado em 19 telas de sua nova coleção que ficará exposta na Galeria Takeo Sawada, no Centro Cultural Matarazzo, até o dia 4 de dezembro. O lançamento é nesta noite e toda a comunidade está convidada a fazer parte deste presente, gratuitamente.

Jornal O Imparcial Com sensibilidade, no que observa ao seu redor, Sebastião impressiona em cores e formas

Em um agradável visita ao O Imparcial, Sebastião revelou de onde vem o seu olhar pessoal sobre as diferentes cenas que revelam a simplicidade, a força e a determinação do povo trabalhador. É que ele é exatamente tudo isso junto.

Indagado sobre essa serenida, mansidão na fala, ele lembrou de um jornalista que citou em sua matéria certa vez, que: "quando encontrei com Sebastião Mendes eu estava diante de Portinari, que tinha essa fala mansa". Citando um grande poeta português, Fernando Pessoa: "Não estou doente dos olhos, quando estive diante das obras de Sebastião Mendes, que é pura poesia".

". Eu sou assim, sempre. Faço uma reflexão profunda das minhas obras. Primeiramente, eu tenho que gostar delas. Se não gosto, ela não irá para apreciação do público, como várias que tenho paradas em meu ateliê há mais de 15 anos, porque não gostei delas. Existe toda essa questão na elaboração da obra. Assim como tem que ser em toda profissão. Acredito que vai para frente aquele que ama o que faz", ressalta o artista.

 

De  Cárceres para o mundo

Sebastião conta que desenha desde os 8 anos de idade e começou a pintar aos dez, teve o primeiro contato com o óleo sobre camurça. Não fez nenhum curso, mas teve como pessoa muita importante em sua carreira o frei holandês Matheus Jacob, que está até hoje em sua cidade. Ele lembra que o frei dizia para ele pintasse o Pantanal, sua vegetação... "Ou seja, tudo que os grandes pintores narraram e deixaram escrito ao longo de suas carreiras, que a natureza é que é a escola, é verdade porque foi a partir disso que comecei a entender o que é luz, sombra. Foi através dos estudos com ele", salienta o artista.

Aos 16 anos ele fez sua primeira exposição coletiva com artistas mato-grossenses em sua cidade natal e não parou mais. Em 1995 começou suas viagens pela Europa e hoje está com individuais na europa ocidental e nórdica como França, Alemanhã, Bélgica, Espanha, Portugal, Suiça, Noruéga, Finlândia, Áustria, Rússia, China, Itália. E, possivelmente, em breve, entrem nos Estados Unidos.

"Fiz um trabalho junto a Unesp de Assis, que me trouxe em 98 para o Estado de São Paulo onde pude trabalhar oficinas na faculdade e na região como Tarumã, Maracai, Pedrinhas Paulistas. Então esta exposição aqui em Prudente em uma grande importância pelo fato de eu ter morado na região. Eu já andei por muitos e muitos lugares e confesso que nunca vi um complexo cultural tão incrível como o que Prudente tem!", exclamou o artista.

 

Linda homenagem


Sebastião ganhou um grande presente na vida: uma filha qual se chama Tarsila. Uma homenagem de sua mãe ao papai artista. O nome de uma das mais incríveis artistas de todos os tempos. Segundo ele, todas as obras em que aparecem uma menina tem a ver com a filha.

"Eu sempre digo que a arte do Sebastião tem o antes e depois da Tarsila , como o descascar de uma cana, as brincadeiras, ela mexendo em uma flor. É assim, transportamos para a tela todo um sentimento que já vivemos.

 

Marca registrada


O amigo Eduardo Zompero Dias, que é também seu marchand, diz que uma coisa muito importante na figura de Sebastião é que em todas suas obras tem sempre um pássaro, sua marca registrada. Ou ainda uma flor, um gato, um cachorro, um animal. Ele dispara elogios salientando a harmonia fantástica. Assim como ele é. "O Sebastião transmite uma paz, uma tranquilidade enorme. Quando ele veio do MT para cá sofreu bastante, assim como todo artista. Porque nossa cultura não é vista com bons olhos. Você precisa sair do país para ser valorizado. Hoje, se levamos 20 obras dele para a Suíça, por exemplo, volta sem nenhuma. Aqui ainda é muito casta", garante o marchand.

Eduardo explica que a saída das galerias para os espaços culturais é para dar essa oportunidade das pessoas mudarem a visão de tais locais. Galerias não são apenas para a comercialização de obras, mas para a apreciação.

 

 
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