Ladrão No Palco (historinha dos bastidores do rádio)

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista que vê luz no fim do túnel e espera que não seja um trem em sentido contrário

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 15/02/2022
Horário 05:30

Há um endereço em São Paulo que jamais esquecerei até porque está gravado na minha memória que não chega a ser de elefante: Rua 24 de Maio, 208, 10º andar. Lá, ficava a sede da Rádio Piratininga, a Velha Pira, como diz o Ferreira Martins, o nosso maior locutor de comerciais, com quem trabalhei na Piratininga.
A emissora, fechada pela ditadura em 1974, disputava pau a pau a audiência com as grandes rádios AMs, como, por exemplo, Bandeirantes, Nacional (atual Globo) e Tupi.
Tanto isso é verdade verdadeira - e não mentira mentirosa - que a Velha Pira chegou a ocupar o 4º lugar entre as rádios mais ouvidas de São Paulo, segundo o Ibope.
Fundada em 1932 por Alberto Byington Júnior, sogro do ex-governador Paulo Egydio Martins (crônica também é história), com o nome de Rádio Cruzeiro do Sul, a rádio tinha sua sede na Praça da Sé e ali permaneceu até 1952.
Depois, a rádio se instalou na Praça do Patriarca, 26, como me contou o Salomão Esper, que, por falar nisso, merece ter um Templo de Salomão no Morumbi (conversarei sobre a construção do templo com Johnny Saad).
"Eu estacionava meu carro na porta da rádio, o trânsito não era como agora", explicou Salomão, aprovado com outro locutor em um concurso promovido pela então Rádio Cruzeiro do Sul. Salomão lembrou a época glamourosa do rádio de antigamente e logo me recordei do filme “A Era do Rádio”, do Woody Allen.
Cantores famosos, como Sílvio Caldas e Carlos Galhardo, soltavam o vozeirão no auditório que ficava lotado. "Eram 200 lugares", disse Salomão, acrescentando que a rádio também se dava ao luxo de manter um regional e uma orquestra.
Além disso, por lá também passaram profissionais como Manuel de Nóbrega e um certo $ílvio $antos. A emissora também investia pesado no radioteatro. Tinha um respeitável elenco de atores e autores de novelas.
Durante a apresentação de um capítulo, uma atriz desmaiou e foi carregada pelo diretor. Salomão viu tudo e quis saber o que tinha acontecido. "Ela não resistiu às emoções do quarto capítulo", explicou o diretor. Não se sabe se a atriz resistiu às emoções do último capítulo.
E, no último capítulo desta crônica aguda, lembro que a Rádio Cruzeiro do Sul, na linha do tempo, passou a ser a Rádio Piratininga e se mudou para a Rua 24 de Maio, indo depois para a Alameda Ministro Rocha Azevedo, seu último endereço, onde também trabalhei.
Só mais um dedo de prosa: quem também se destacou na Rádio Cruzeiro do Sul - e depois na Piratininga - foi o jornalista e apresentador Amaury Vieira, um apaixonado por jazz. 
Ele apresentava um programa de calouros. Uma vez um personagem surgiu no programa sem ser convidado. Um ladrão caiu do forro direto no palco. Experiente, o Amaury não se abalou e foi logo entrevistando o meliante, que logo se mandou e ganhou a rua. Pelo jeito foi "cantar" em outra rádio: a Rádio Patrulha.
 
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