Para os pesquisadores e analistas do Cileite/Embrapa (Centro de Inteligência do Leite) da Embrapa Gado de Leite, a crise econômica que reduziu o poder de compra da população está evitando que a crise de oferta torne os preços dos lácteos mais elevados. Ainda assim, o leite não pode ser visto como “maior vilão” da inflação de alimentos. Segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), entre os produtos de proteína animal (carne, frango, ovos e lácteos), leite e derivados são os que apresentaram menor alta nestes dois anos.
Para os integrantes do Cileite/Embrapa, o desafio dos produtores de leite na gestão de custo nas fazendas tem sido “gigante”. A queda observada na oferta do produto ilustra bem isso. O resultado é a pressão pela modernização do setor.
“No rastro desse momento de adversidade, tem ocorrido um processo mais acelerado de consolidação no setor, com modernização tecnológica da produção, exigência de maiores investimentos e pressão por economia de escala”, afirma Bellini Leite.
De acordo com Paulo do Carmo Martins, pesquisador da Embrapa, a alta da inflação tem se mostrado um fenômeno mundial. “Esse é o reflexo do desarranjo das cadeias produtivas globais, impactadas pela descontinuidade na produção e no transporte durante a pandemia de Covid-19”, ressalta ele.
O que confirma essa conclusão é o índice do GDT (Global Dairy Trade), - plataforma mundial que realiza leilões de lácteos-, o leite recuou um pouco, mas segue em patamares elevados (US$ 4,6 mil/t) desde que atingiu seu maior valor em fevereiro: US$ 4.630/t. Os números mostram que, em dois anos, a tonelada do leite em pó integral oscilou de US$ 1,9 mil a US$ 5,3 mil.
(Com Embrapa)
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