Preço do leite dispara e preocupa consumidores

No Nagai, em Prudente, valor do litro do produto elevou em torno de 90%, de janeiro para cá; já no Estrela houve retração de 50% na venda do item, que é básico na mesa do brasileiro

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 02/08/2022
Horário 04:02
Foto: Freepik
Alta no preço do leite impacta consumidor
Alta no preço do leite impacta consumidor

As etiquetas de preços do leite nas prateleiras de supermercados estão preocupando a população em geral. Em alguns estabelecimentos de Presidente Prudente, o litro do produto gira em torno de R$ 7 a R$ 8. A situação tem preocupado até mesmo os responsáveis pela compra do item nesses empreendimentos, considerando que se trata de um alimento básico, sendo o principal para muitas crianças. No Brasil, o preço do leite longa vida acumula alta de 57% no ano. O item foi o que mais influenciou o avanço de 0,13% no IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) no mês de julho. O indicador mede a inflação oficial do país.
No Supermercado Nagai, do Jardim Paulista, em Prudente, a elevação no preço do litro do leite foi ainda mais expressiva de janeiro para cá: em torno de 90%. “Hoje tá um preço, amanhã outro. E isso é válido para todo derivado de leite, inclusive, o condensado, o creme de leite, e a muçarela”, afirma o responsável pelo setor de compras de laticínio do estabelecimento, Jair de Souza, 64 anos. “Há algumas semanas, ouvi o gerente de uma grande empresa de condensado dizer que até o início de setembro a latinha deve chegar a R$ 11”, assusta-se Jair.
Ele destaca que é evidente que a venda de leite caiu e muito. Até para os compradores dos supermercados está difícil encontrar o produto. “Primeiro, porque não têm condições de comprar grande quantidade por ser uma situação muito instável, que amanhã ou depois abaixa o preço”, observa Jair. E dá como exemplo o óleo, cujo preço subiu, subiu e depois começou a retrair. Conforme acrescenta, geralmente, quando as commodities começam a aumentar muito o preço, este vai até um patamar, e quando estabiliza é porque logo vai abaixar. E isso ocorre com o arroz, feijão e açúcar, que deram uma recuada, porque, às vezes, muitas lojas têm um grande estoque, então não tem jeito, senão abaixar. 

Queda na vendas

Marcelo Nicolucci, presidente da Rede Estrela, que é quem faz as compras de leite das lojas, confirma a queda no volume de vendas do item em torno de 50%. Segundo ele, a média do preço do litro está em R$ 6,98.  “O supermercado sempre segura o repasse dos produtos básicos com margens muito baixas. Mas, não mandamos no preço, pois quando um produto está com baixa produção, normalmente sobe o preço [lei da oferta e procura]. Em virtude da queda muito grande nas vendas, já vemos um ‘refresco’, caindo um pouco o preço. Mas em setembro/outubro deve voltar a elevar bastante o valor”, menciona.

Preço de ouro

“Na semana passada, dois dos nossos fornecedores abaixaram R$ 0,40 no litro de leite. Mas mesmo assim ainda está muito alto o valor. Então, é hora de a gente aguardar e ver como fica. Nosso trabalho está três vezes maior, porque temos que nos desdobrar procurando preço e a gente não tem tantas opções também”, diz o comprador do Nagai.
Ele destaca que comentou dias desses com um vendedor de leite: “Meu amigo, leite nesse preço é para a classe média para cima e, com ressalvas, não é todo mundo da classe média. Agora, imagina a classe baixa. Não tem como! Nas condições atuais, quem vai pagar mais de R$ 80 numa caixa de leite? Tem gente que não ganha isso”, pontua Jair, realista. 

Impacto ao consumidor

Viviane Gomes de Oliveira Alves, mãe de dois filhos está desempregada, mantendo todas as despesas de casa com dinheiro de bicos e a ajuda da mãe e do padrasto. “Apenas Kevin toma leite ainda, mas graças a Deus ele come de tudo. O Juninho, não bebe, mas quer bolo todo dia, e pra fazer bolo tem que ter leite [risos]. Sem contar que não é só o leite, né. É um achocolatado ou outro e o preço também está lá em cima. Não está fácil. Não mesmo!”, exclama a jovem mãe do lar.
Ayslen Lopes Ferreira Moraes, mãe de três filhos, também mantém sua casa sozinha. Ela trabalha por conta própria em casa, como esteticista, para cuidar das crianças, e, mesmo com seu trabalho e com as pensões, “tá muito difícil” manter tudo o que precisam. Ela diz que já pagou no leite de R$ 7 até R$ 12. “Está absurdo e não tem como substituir por outra coisa, porque os dois menores, 4 e 1 ano, ainda mamam mamadeira. O Benício toma com achocolatado e o preço também não está nada em conta. Não tá fácil, mas a gente faz o que está ao nosso alcance. Penso nas mães que não têm como pagar nem o valor antigo de R$ 4, R$ 5, imagina agora nesse preço absurdo! O que vai ser dessas crianças é de partir o coração!”, lamenta Ayslen.

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