Liderar com firmeza

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 07/12/2025
Horário 04:30

A liderança contemporânea vive um dilema que se agrava a cada ano: como equilibrar acolhimento e disciplina sem pender para extremos que comprometem o desempenho das equipes? Empresas de médio porte, como a fictícia Tecnosul Sistemas, revelam bem esse desafio. Lá, o diretor decidiu adotar uma postura altamente acolhedora após anos de cobrança excessiva. O resultado imediato foi um ambiente mais leve, porém, com o tempo, entregas começaram a atrasar, reuniões perderam objetividade e o senso de responsabilidade se diluiu.
No extremo oposto, a LogPort Distribuição enfrentou o caminho inverso. A gestão aplicava regras rígidas, controle minuto a minuto e tolerância zero para erros. A produtividade inicial impressionava, mas logo veio a rotatividade, afastamentos por saúde psicológica e perda de talentos. A disciplina sem humanização esmagou a criatividade e levou a empresa a um ciclo de reposições constantes.
Esses dois exemplos mostram que liderar é, essencialmente, um exercício de balança. Acolher, sozinho, não sustenta resultados. Disciplina, sozinha, não sustenta pessoas. Quando líderes confundem acolhimento com permissividade, toleram comportamentos que corroem a cultura e sufocam os de alta performance, obrigando-os a compensar falhas alheias. Por outro lado, quando imaginam que firmeza se traduz em rigidez e intimidação, minam a segurança psicológica — justamente o alicerce da inovação.
A liderança madura é aquela que estabelece fronteiras claras, comunicadas com respeito, e oferece suporte sem abrir mão das responsabilidades individuais. O colaborador precisa saber que é ouvido, mas também que há expectativas definidas e consequências para descumpri-las. Essa combinação faz com que o time entenda que o líder não é apenas “legal” ou “duro”, mas, sobretudo, justo.
O caminho passa por conversas francas, feedback contínuo e definição objetiva de padrões. Times que sabem onde pisam evitam desgastes e reduzem conflitos silenciosos. Empresas que constroem esse equilíbrio percebem que o clima melhora, a rotatividade cai e a produtividade cresce de forma sustentável — não pela pressão, mas pelo compromisso coletivo.
No fim, liderar não é escolher entre acolher ou direcionar. É entender que pessoas precisam das duas coisas. A verdadeira autoridade nasce quando o líder inspira confiança e, ao mesmo tempo, estabelece limites. É esse equilíbrio que transforma grupos em equipes e empresários em líderes de fato.
 

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