Como diz na canção de Milton Nascimento, “Coração Civil”: “Quero a utopia, quero tudo e mais. Quero a felicidade dos olhos de um pai. Quero a alegria de muita gente feliz. Quero que a justiça reine em meu país.” Talvez essa seja a melhor tradução do que significa acreditar na cultura e na vida pública, apostar na possibilidade de justiça, diálogo e construção coletiva, mesmo em tempos de descrédito e polarização.
Os grupos e agentes culturais têm se mobilizado, debatido e proposto caminhos para fortalecer os espaços institucionais da cultura, conselhos, fóruns, reuniões e atividades. Esse movimento é um sinal de maturidade democrática: mostra que há vida cívica e que a cidade quer discutir o seu próprio futuro cultural. Mas também é um momento que exige lucidez e responsabilidade.
O papel dos conselhos e da Secretaria de Cultura não pode ser confundido com espaços de promoção pessoal ou disputas políticas menores.
A política cultural precisa ser tratada com seriedade, com base em regras claras, representatividade e transparência.
Quando a confiança pública se fragiliza, perde-se a credibilidade das instituições e o sentido do que deveria ser comum.
É necessário recuperar essa confiança, não como um gesto ingênuo e inseguro, mas como uma prática racional e estratégica de reconstrução institucional.
Confiar é reconhecer que os processos participativos funcionam melhor quando são abertos, éticos e plurais.
É compreender que a cultura é um bem público e que o diálogo é a ferramenta fundamental da gestão.
A Secretaria de Cultura de Presidente Prudente tem hoje a oportunidade de exercer essa lucidez: de transformar a crise em aprendizado e de fazer deste momento político e histórico um marco de avanço na consolidação da política cultural da cidade.
O caminho é claro, ouvir, dialogar e garantir que os espaços públicos da cultura sejam de todos, e não de poucos.
Porque, afinal, não há cultura sem confiança pública, nem democracia sem cultura compartilhada.
