Mãe expõe aprendizados e desafios com filho autista

Segundo Priscila, João Augusto, que é autista grau severo os ensina a serem humanos melhores, mais dedicados e com mais empatia, a ver sempre o que o outro pode oferecer de melhor

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 02/04/2023
Horário 04:22
Foto: Cedida
Segundo Priscila, João tem “um sorriso no rosto que compensa qualquer sacrifício”
Segundo Priscila, João tem “um sorriso no rosto que compensa qualquer sacrifício”

A do lar Priscila Dadamo Costa München, 43 anos, e seu esposo, o bancário Martim Augusto Costa München, 41, são pais de dois filhos, Ana Beatriz, 16, e João Augusto, 14, que é autista grau severo. Neste dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo, ela conta desde a descoberta de que o filho tinha TEA (Transtorno do Espectro do Autista), o processo de adaptação, aprendizados e desafios até aqui. 
De acordo com Priscila, os primeiros sinais surgiram quando João tinha 1 ano e 2 meses. Ele deixou de interagir com os pais, a irmã e outras crianças, não mantinha contato visual, parecia não escutar, passou a ter seletividade alimentar, não apresentava mais a fala e passou a usar brinquedos para emparelhar. “O diagnóstico foi fechado quando ele estava com 2 anos por uma equipe de neuropediatra, fonoaudióloga e terapeuta. Quando a família recebe a notícia, junto vem toda a incerteza, medo, frustrações e insegurança sobre o futuro; porém, junto vem o amor, a força e cuidado para seguirmos”, acentua, acrescentando que é sabido que nesses casos o mais importante para uma maior evolução e desenvolvimento da criança é iniciar o quanto antes as intervenções terapêuticas e estímulos.

Processo de adaptação

No ambiente familiar, Priscila conta que passaram a criar rotinas, estimulação sensorial e muitas tentativas de oferecer e incentivar aquilo que para João Augusto era difícil, até o simples fato de comer sozinho. 
No ambiente escolar, os pais, a princípio, optaram por uma escola regular até o diagnóstico ser fechado, pois ainda não tinham uma linha certa de tratamento, e sua evolução nesse período foi bem lenta e gradual. “Mas com a Lumen Et Fides tivemos um foco maior, pois os profissionais são especializados e capacitados para esses alunos. São menos alunos em sala de aula, o que permite uma maior evolução pedagógica, até por conta da característica de especialidade que eles oferecem”, conta.

Aprendizados e desafios

O maior aprendizado, segundo a mãe, vem do próprio João! Ela diz que aprendem com ele a serem humanos melhores, mais dedicados e com mais empatia. Aprendem a ver sempre o que o outro pode oferecer de melhor. “O João faz terapias diárias e quase integrais há 10 anos, sempre com muita dedicação e empenho dentro de suas possibilidades, e um sorriso no rosto que compensa qualquer sacrifício. Nosso maior desafio é torná-lo o mais independente possível e permitir sua autonomia”, frisa a mãe.

Preconceitos

O preconceito, infelizmente, sempre existiu e ainda está presente, segundo Priscila. Ela comenta que já passaram por inúmeras situações constrangedoras, como evitar a presença, estar próximo, ou olhares maliciosos, indicando reprovação ao comportamento apresentado por ele, por uma situação que foge de seu controle. “No início, isso nos incomodava muito, mas hoje percebemos que o mais importante são aqueles que, independente de qualquer coisa, amam nosso filho e o aceitam do jeito que ele é; os demais, infelizmente, não sabem o que é receber tanto amor, progresso e superação”, acentua.

É preciso desmistificar

Priscila fala que hoje o cenário do autista na sociedade é diferente de quando descobriram, há 12 anos, essa condição no João. Muita coisa evoluiu, os pais e a sociedade aprenderam muito e os autistas tiveram acesso a muito mais recursos.
“O que entendemos que precisa se desmistificar é a ideia de que o autista é especial e um ser diferenciado, quando, na verdade, é uma pessoa comum, com sua personalidade, comportamento, percepção, anseios, necessidades e visão de vida, assim como qualquer ser humano. Devemos acabar com essa ideia de unicidade e especialidade”, pontua a mãe de João.

Foto: Cedida

João Augusto recebe e doa muito amor, progresso e superação

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