Diagnóstico de filho autista dá início à Lumen Et Fides em Prudente

Aparecida Mieko, Andréo Kozuki e mais três casais fundaram a associação/escola para suas crianças em 15 de maio de 1987

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 02/04/2023
Horário 04:05
Foto: Cedida
Fábio rodeado pelo afeto familiar, essencial em seus 45 anos de vida
Fábio rodeado pelo afeto familiar, essencial em seus 45 anos de vida

Uma das fundadoras da Lumen et Fides é Aparecida Mieko Sawamura Kozuki, 72 anos, bancária aposentada, hoje do lar, segunda-tesoureira da escola de educação especializada em atendimentos, também nas áreas da saúde, garantindo um tratamento de excelência de habilitação e/ou reabilitação para centenas de crianças, adolescentes e adultos de município de Presidente Prudente e região com disfunções neuromotoras, doenças neuromusculares e  TEA (Transtorno do Espectro Autista). E, um dos atendidos é seu filho, Fábio Kozuki, 45 anos, grau severo de autismo, que tinha 9 quando da abertura da instituição caracterizada como filantrópica.
“Quando a gente descobre que tem um filho autista, acaba conhecendo outras pessoas com a mesma situação. E a Lumen nasceu assim”, recorda ela, que numa das visitas que fazia a um médico de nome Lefreve, em São Paulo, ele lhe deu o nome de uma mãe de Prudente, e outra de Martinópolis. Ela foi visitá-las e conheceu seus meninos. 
“No começo de 1987, uma mãe de um autista, que morava na capital, me ligou e disse que estava se mudando pra Prudente. Foi aí que juntamos os quatro casais: Argente Virgílli Lemos [in memoriam] e Manoel Francisco Lemos; Clara Bongiovani e José Edmundo Werner [hoje separados]; Vera Inez Valente dos Santos e Carlos Alberto dos Santos [in memoriam]; eu e meu esposo, Andréo Kozuki [in memoriam], e começamos a reunião para formar uma associação/escola para nossos filhos. Começamos com sete crianças, em 15 de maio de 1987!”, exclama.

Suspeita e comprovação

“Quando Fábio começou a frequentar uma creche, com 2 anos, a psicóloga me chamou e disse que ele era uma criança diferente, que ficava muito isolado. Procurei um neuropediatra, na época, que me encaminhou para o Dr. Lefreve, em São Paulo, onde fui com um relatório da psicóloga, e foi diagnosticado características de autismo”, lembra Cida.
Mas, antes do neurologista, ela conta que procurou um otorrinolaringologista, para verificar o ouvido, garganta, e ver se estava tudo normal. “Como ele não falava nada [até hoje], eu fiz um teste com ele, peguei uma bacia grande de alumínio e joguei com toda força no chão. Fez um barulhão, e ele se virou para ver. Então, concluí que não era surdo”, narra.
Após a descoberta, a mãe buscou uma fonoaudióloga, uma clínica de fisioterapia, terapias de consultório em consultório, e tudo particular. “Foi uma luta! Contratei uma professora, e fomos até São Paulo, visitar uma clínica, para aprendermos um tratamento, de uma semana; essa professora ficou com o Fábio mais de três anos. Foi bom!”, exclama Cida.

Cicatrizes, dor, choro....desafios!

Cida frisa que os desafios foram muitos, principalmente, na infância dos filhos. Eles tiveram problemas com o filho caçula, sendo preciso até mesmo fazer terapia familiar. “O Fábio deu muito trabalho, chorava muito, não dormia direito; se autoagredia, tanto que têm marcas de cicatrizes nos braços, pernas. Os autistas têm muitas manias, são metódicos. Hoje ele está bem tranquilo; dorme bem”, agradece a mãe, mencionando que há alguns anos o filho precisa de remédios de pressão, anti-convulsivo, e para diabetes. Com tudo isso, ela garante que a Lumen foi muito boa para o seu filho. Ele faz caminhada todos os dias com o professor João Batista de Souza Filho, que tem quase 35 anos de Lumen.
“Em casa, converso com ele o tempo todo, pois entende tudo! Sofri muito, quando levei o Fábio para frequentar o jardim da infância na escola que minha filha estudava e não o aceitaram. Chorei muito! Fiquei depressiva, quando o caçula entrou na escola. Mas, acho que superei tudo isso. Hoje, as pessoas estão mais cientes com autismo. Está sendo mais divulgado, 44 anos atrás, eu nunca tinha ouvido falar”, denota.

Lumen desde a fundação

“Sou tesoureira, desde a fundação. Quero me aposentar, pois completaremos 36 anos de atividades. Meu marido, que era cartorário, faleceu há nove anos. Foi ele quem regularizou toda a parte burocrática da Lumen, na época da fundação, quando era o secretário”, conta Cida, que tem mais dois filhos, Adriana, 46, dentista, e Henrique, 44, médico. E é avó de quatro netos: Beatriz, 17 anos; Ricardo Henrique, 14 anos; Luísa, 14 anos, e Lia, 12 anos.

Foto: Cedida

Fábio com João Batista, seu professor de caminhada há mais de 35 anos

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