Mães relatam dificuldades por atraso em programa

O motivo da postergação do cronograma foi o atraso nos repasses da União para subsidiar o programa.

PRUDENTE - Mariane Gaspareto

Data 24/03/2015
Horário 09:29
 

Mães de alunos matriculados no Programa de Educação Integral Cidadescola relatam ter passado por dificuldades em razão do atraso no início das atividades, que deveriam ter sido retomadas após o carnaval em Presidente Prudente, mas só retornaram ontem, em 2 das 31 escolas municipais que atendem os cerca de 3,2 mil alunos beneficiados pelo programa. As demais 29 unidades darão início ao Cidadescola na próxima segunda-feira, conforme a Secom (Secretaria Municipal de Educação).

O motivo da postergação do cronograma foi o atraso nos repasses da União para subsidiar o programa. De acordo com a Secom, o MEC (Ministério da Educação) deveria repassar anualmente R$ 1,3 milhão, que chegaria ao município em duas parcelas semestrais. Todavia, desde 2014, a municipalidade não recebe a verba, e tem custeado o Cidadescola com recursos próprios.

O montante chega às instituições de ensino pelo PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) Mais Educação, e, procurada, a Assessoria de Imprensa da pasta informou apenas que o ministério repassou na semana passada R$ 24 milhões referentes ao Mais Educação a escolas em tempo integral, para regularizar o fluxo. Todavia, não informou se a verba chegou a Prudente. Questionada sobre a razão do atraso, disse apenas que "não há atraso, pois o pagamento já foi feito".

Na página virtual do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), não há informações sobre liberações de recursos, dados sobre quantias repassadas à municipalidade, neste ano, pelo Mais Educação. Em nota, a Secom, pontuou que enquanto os recursos não são liberados pelo governo federal, a prefeitura contém algumas despesas eventuais de investimento para manter o Cidadescola em atividade. "O governo federal espera regularizar a situação assim que o orçamento da União, já aprovado pelo Congresso Nacional, estiver à disposição dos ministérios", informa.

 

Dificuldades

Na tarde de ontem, os familiares dos alunos da EM (Escola Municipal) Gisele Dalefi e da EM Deputado Carlos Castilho Cabral puderam buscar as crianças atendidas pelo Cidadescola, quando realizaram as atividades de recreação, canto, leitura, desenho, inglês, judô, entre outras. Apesar de comemorarem o retorno do programa, muitas mães informaram ter enfrentado problemas por conta do adiamento das aulas.

Elizabeth Fustinoni, 59, é auxiliar de serviços gerais na EM Gisele Dalefi. No entanto, apesar de continuar frequentando a unidade, teve de deixar seu neto de 7 anos sozinho em casa para trabalhar, pois não encontrou ninguém que pudesse cuidar da criança por ela. "A mãe dele é sozinha, e trabalha viajando, então eu o deixava em casa assistindo desenho e, às vezes, precisava trancar a porta da cozinha, porque tinha medo que ele subisse no muro ou nas árvores do quintal e se machucar", afirma.

Já a empregada doméstica Marley Alves, 35, diz "agradecer a Deus" por ter uma filha mais velha que pode cuidar de sua caçula no período. "Parente trabalha, eu trabalho, vizinho trabalha, todo mundo trabalha hoje. Se não tivesse a minha filha mais velha, teria que sair do serviço, porque babá a gente não acha e quando acha o valor não compensa", conta. Alves acredita que o atraso no repasse é algo "injusto com as crianças que precisam do programa". "Quem está aqui é por necessidade".

A cozinheira Jussara Caetano de Mello, 41, também contou com outro filho para cuidar de sua caçula de 8 anos, e declara que foi difícil conter a ansiedade de sua filha, que desejava o retorno das atividades o quanto antes. Questionada sobre a volta do programa, a pequena Esther relatou: "Foi um dia muito legal, porque eu queria conhecer os alunos novos, participei das brincadeiras e fiquei até cansada. Eu estava esperando pra começar, fiquei uns três dias perguntando para minha mãe quando ia voltar".
Publicidade

Veja também