Maioria dos associados proprietários da Apea rejeita sugestão de aterramento da piscina

Objetivo da medida era reduzir custos de manutenção do clube, que enfrenta crise financeira; assembleia geral extraordinária ocorreu nessa segunda-feira

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 04/07/2023
Horário 17:39
Foto: Cedida
Aterramento da piscina foi apresentado como sugestão para reduzir custos de manutenção
Aterramento da piscina foi apresentado como sugestão para reduzir custos de manutenção

Em assembleia geral extraordinária realizada nesta segunda-feira, a maioria dos associados proprietários da Apea (Associação Prudentina de Esportes Atléticos) rejeitou a sugestão de aterramento da piscina como medida para reduzir custos de manutenção do clube.

De acordo com o conselheiro mais antigo da Apea, Jaime Trevisan, mais de 70 associados proprietários estiveram presentes no encontro, que também tinha como objetivo a eleição e posse da diretoria executiva do clube, bem como a eleição e posse do presidente e vice-presidente do conselho deliberativo. No entanto, a definição não ocorreu mais uma vez, considerando que não houve a manifestação de interessados.

A pauta previa que, caso não houvesse interessados, seria nomeada uma junta de intervenção composta por seis sócios-proprietários, que assumiriam a direção do clube até a eleição do conselho deliberativo e da diretoria executiva. Contudo, Jaime destaca que, por ora, esse assunto não foi discutido.

O conselheiro adianta que convocará uma nova assembleia para continuar as tratativas. A data deverá ser definida até esta sexta-feira.

Conforme noticiado por O Imparcial, a Apea enfrenta crise financeira e dificuldades para encontrar uma nova gestão. Enquanto o impasse segue sem solução, o promotor de Justiça de Presidente Prudente, Jurandir José dos Santos, encaminhou um ofício ao Comudephaat (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico), no final de junho, solicitando análise de documentação com o objetivo de realizar estudos voltados à possibilidade de tombamento do clube.

A este respeito, Jaime aponta que o promotor deu ao conselho o prazo de 15 dias para apresentar contestação ao pedido.

Problemas financeiros

Conforme noticiado por O Imparcial, o tradicional clube enfrenta problemas financeiros. Por esta razão, a ex-diretoria decidiu pela renúncia coletiva em maio deste ano. De acordo com o ex-presidente, o cirurgião-dentista Carlos Henrique Silveira, um balanço contábil contratado pelos membros apontou déficits mensais de, em média, R$ 60 mil.

Carlos expôs que o problema é antigo e já desafiava as diretorias anteriores do clube. Ao assumir o comando em janeiro deste ano, ele resolveu contratar um serviço de auditoria com o objetivo de entender o cerne do déficit, ou seja, detectar onde havia o vazamento de dinheiro que provocou a dívida.

Ao final do trabalho, que apontou déficits mensais de, em média, R$ 60 mil, a diretoria debateu projetos que pudessem possibilitar uma renda fixa para garantir, pelo menos a princípio, a redução da evasão financeira. No entanto, conforme ocorriam as discussões, constatou-se que, diante de qualquer passo dado, o grupo assumiria dívidas que chegariam a R$ 1 milhão.

Carlos afirmou que grande parte das dependências do clube apresenta problemas estruturais e é preciso dinheiro para garantir a devida manutenção, bem como a contratação de mais funcionários que possam aprimorar o atendimento aos sócios e a captação de novos usuários.

Pedido de tombamento

No documento da Promotoria de Justiça encaminhado ao Comudephaat, são consideradas a idade da Apea e a projeção que teve como clube de futebol, no qual figuras ilustres como Pelé participaram como atletas, tendo disputado partidas; como clube de basquete, no qual a jogadora Hortência iniciou sua carreira; e como formadora de diversos atletas de reconhecimento nacional na natação.

O promotor considera a lei federal nº 8.625/93, que aponta que incumbe ao MPE (Ministério Público Estadual) promover inquérito civil e ação civil pública para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e homogêneos.

Conforme apurado pela reportagem, a proposta partiu de um grupo de associados e colaboradores da Apea, que enviou ofício com a proposta de tombamento ao promotor.

O titular da Setur (Secretaria Municipal de Turismo), Adolfo Padilha, é um dos envolvidos nesse grupo. Ele afirma que a única intenção em tentar preservar o patrimônio da Prudentina é "acabar de vez com histórias e conversas sobre especulação imobiliária". "O fato de preservar toda aquela estrutura não muda a dificuldade em manter o clube ativo. Mas já buscamos alternativas e outras possibilidades com um grupo grande de apoiadores para viabilizar o clube com a condição de que sejam renovados 100% o conselho deliberativo e a diretoria executiva", expôs à reportagem no final de junho.

De acordo com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o objetivo do tombamento de uma edificação é impedir sua destruição ou mutilação, mantendo-o preservado para as gerações futuras. Reformas devem ser previamente aprovadas pelo órgão que efetuou o tombamento. A aprovação depende do nível de preservação do bem e está sempre vinculada à necessidade de serem mantidas as características que justificaram o tombamento.

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