Quem vive no interior de São Paulo sabe muito bem: buscar atendimento médico especializado, muitas vezes, significa pegar estrada. E não é uma vez ou outra. São viagens frequentes, longas, cansativas, que fazem parte da rotina de quem está lutando por saúde. Pessoas que enfrentam tratamentos de câncer, sessões de hemodiálise, cirurgias complexas, reabilitações ou consultas com especialistas geralmente não encontram esses serviços na própria cidade — e precisam buscar apoio em centros maiores, como Presidente Prudente, Marília, Bauru, Ribeirão Preto ou até mesmo na capital.
Em todos esses deslocamentos, há um custo silencioso, que pesa no dia a dia dessas famílias: o pedágio. Para muitos, é um valor alto, principalmente quando se considera a frequência das viagens. O que para alguns pode parecer apenas uma cobrança de rotina, para quem está lutando contra uma doença representa uma despesa pesada, que se soma ao custo com medicamentos, alimentação, combustível, consultas e exames.
Foi justamente pensando nessas pessoas — e escutando as dores e relatos de muitas famílias da nossa região — que protocolei na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo um projeto de lei que garante a isenção da tarifa de pedágio aos veículos utilizados no transporte de pacientes em tratamento médico fora do município de residência. A proposta abrange todas as rodovias estaduais, inclusive as que são administradas por concessão privada.
A medida é simples, mas tem um enorme impacto social. Ela estabelece critérios claros e justos para a isenção: é preciso comprovar o tratamento médico, a necessidade de deslocamento para outro município e a utilização de veículo vinculado ao paciente — seja próprio, alugado, ambulância ou transporte oferecido por entidades assistenciais ou pelo sistema público de saúde. Além disso, a pessoa deve estar inscrita no CadÚnico, que identifica famílias em situação de vulnerabilidade social.
Ou seja, a proposta é direcionada a quem realmente precisa. Não se trata de um benefício genérico ou de uso indiscriminado. Estamos falando de pacientes que já vivem sob forte pressão emocional, física e financeira, e que precisam de apoio para continuar seus tratamentos com dignidade.
Muitas vezes, essas pessoas estão enfrentando as maiores batalhas de suas vidas. E ainda assim, precisam escolher entre abastecer o carro, pagar um pedágio ou comprar um medicamento. Isso é desumano. Meu compromisso, enquanto deputado estadual, é lutar para que o acesso à saúde não seja limitado por uma barreira econômica. Cuidar de quem mais precisa é o mínimo que o Estado deve fazer.
Também é importante destacar que, embora a legislação federal contemple isenções e garantias para o transporte coletivo, há uma lacuna quando falamos de deslocamentos individuais, feitos em veículos próprios ou institucionais. O meu projeto busca justamente preencher essa lacuna, criando uma política pública clara, organizada e eficaz. E mais do que isso: uma política humanizada, que olha para a realidade de cada cidadão e de cada família.
Nosso Estado precisa se modernizar e ampliar os mecanismos de inclusão e justiça social. A saúde não pode ser um privilégio de quem mora perto dos grandes centros. Não pode depender da sorte de nascer em um município com hospital de referência. Por isso, acredito que esse projeto é um passo concreto para tornar o acesso ao tratamento mais igualitário, mais justo e mais humano.
Desde o início do meu mandato, venho trabalhando para que as políticas públicas estejam próximas da realidade das pessoas. Essa proposta é mais um reflexo disso: nasceu do diálogo com a população, do contato direto com pacientes, familiares, profissionais de saúde e lideranças regionais. Eu vejo e ouço de perto o que a população enfrenta. E é com base nisso que atuo.
Agora, o projeto começa a tramitar na Assembleia Legislativa. Confio que ele encontrará apoio entre os demais parlamentares e na sociedade, porque trata de um tema essencial. E reforço: essa medida não é um custo para o Estado, é um investimento na cidadania, na dignidade e no direito à saúde.
Seguirei firme na defesa desta causa. Porque acredito que o papel do poder público é justamente esse: remover obstáculos, abrir caminhos, facilitar o acesso ao que é essencial. E não há nada mais essencial do que cuidar da saúde, sem que um pedágio se transforme em mais um obstáculo no caminho de quem só quer continuar vivendo.