Malvino e Augusto Zacchi valorizam teatro no interior

Além do espetáculo em cartaz, “Chuva Constante", atores falam da vida pessoal e revelam os próximos projetos para 2016

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 11/09/2015
Horário 07:45
 

São 15 anos de carreira em uma trajetória artística de sucesso na TV, no cinema e no teatro! Assim podem ser definidas as histórias dos amigos Malvino Salvador e Augusto Zacchi com a arte: um manauara outro carioca, que estão desde ontem na região, com o espetáculo "Chuva Constante", que tem mais uma sessão hoje, no Teatro Paulo Roberto Lisboa, no Centro Cultural Matarazzo, em Presidente Prudente, e amanhã, no Teatro Municipal Maestro Aécio de Feo Flora, em Dracena.

Em um bate-papo mais que descontraído, os dois estiveram em O Imparciale deixaram a manhã chuvosa de quinta-feira repleta de luz e um calor todo especial. Não tem como não rir gostoso com Zacchi, que após um olhar sério, vem sempre com uma brincadeira na ponta da língua. E não se emocionar com a simplicidade e o amor de Malvino pelas filhas e a esposa.

Jornal O Imparcial De forma descontraída, atores relembraram ontem os 15 anos de carreira, em visita ao jornal

Além, claro, da paixão explícita de ambos, pelos palcos: "Não desmerecendo as demais, mas o teatro é a casa do ator", diz Zacchi. "Paixão! Acho esse poder de se comunicar através do teatro algo que não consigo nem explicar a sensação", exclama Malvino. Confira na íntegra, a entrevista com os atores.

 

O IMPARCIAL - Onde vocês nasceram?

MALVINO SALVADOR - Você está vendo meus cabelos brancos, por isso me fez essa pergunta ‘né’? . Nasci no dia 31 de janeiro de 1976, em Manaus , onde fiquei até os 25 anos, quando vim para São Paulo.

AUGUSTO ZACCHI - Não me lembro, eu era muito pequeno . Brincadeira, eu nasci no dia 25 de julho de 1977 em Niterói, no Rio de Janeiro.

 

OI - Antes de entrarem para o mundo dos famosos, que profissões exerceram?


MALVINO - Meu primeiro emprego foi como vendedor de lojas de confecção em Manaus, a primeira, eu estava com uns 17. Depois fiz Contabilidade na Universidade do Amazonas , trabalhei na Secretaria da Fazenda do Amazonas, como estagiário por mais de um ano e meio; estagiei e fui funcionário em dois bancos. A partir de um convite para trabalhar como modelo, resolvi me aventurar em São Paulo. E após seis meses, estava fazendo minha primeira peça profissional , que mudou completamente minha vida, abrindo um universo envolvente, interessante, me dando a certeza de que era isso que eu queria para a minha vida. Foquei de fato em estudar para virar um ator.

AUGUSTO - Eu não fazia nada. Era estudante. Sempre fui ator e era a última coisa que eu faria em minha vida. E não a penúltima, nem a antepenúltima, era a última... isso até os meus 19/20 anos. Até que no meio do curso de teatro que eu fazia na CAL , no Rio de Janeiro, enquanto fazia uma cena em determinado período, me bateu um negócio e eu vi que queria fazer isso pra toda a vida. Lá se vão 15 anos. Só fiz isso e se por algum motivo não puder mais, acho que terei que pedir dinheiro na rua porque é o que eu amo e sei fazer.

 

OI - O que os palcos (teatro) representam para vocês?

MALVINO - Paixão! Acho esse poder de se comunicar através do teatro algo que não consigo nem explicar a sensação. Você viver personagens que não são seus, entrar em universos que não viveu, fica imbuído de novas perspectivas de vida, se coloca no lugar do outro... é um estudo de personalidade, de época, de período, do que aquele personagem sofreu, e ao estudar isso, você vai adquirindo mais conhecimento intelectual e emocional, que é pra mim é o maior valor do ser humano. Se você direcionar o conhecimento para o bem, ele pode proporcionar muita coisa boa para quem está ao seu redor e para si mesmo. Tem também a questão da criação, o não entrar em rotina. Eu gosto de dinamismo, sou empresário, mas nunca deixarei de buscar um degrau a mais, o aperfeiçoamento no teatro, ser um ator melhor. E com 100 anos eu ainda estarei lá .

AUGUSTO - Pronto, ele falou tudo. Mas esquece esse negócio de viver até 100 anos Malvino .

 

OI – Quando estrearam na TV?

MALVINO - Foi em 2004, interpretando Tobias, um dos co-protagonistas de "Cabocla". Fiz "Alma Gêmea"; meu primeiro vilão, Camilo, em "O Profeta"; "Sete Pecados", como o boxeador Régis Florentino; Damião de "A Favorita"; Bruno de "Amor à Vida". Acho que tem mais .

AUGUSTO - Eu não sei quantas novelas fiz, acho que a primeira foi "Poder Paralelo".

 

OI - Vida de ator...


AUGUSTO - O mercado de ator nesse país é muito pequeno, se é que podemos chamar isso de mercado. Porque no sentido literal da palavra, se você vai fazendo coisas com êxito, o mercado propicia mais possibilidades para você evoluir e desenvolver, coisa que não acontece por aqui. Se a gente quer fazer isso temos que desenvolver. E cada um tem seus caminhos, sua trajetória e não há nenhuma regra pra isso, mas sim conforme seus desejos e o que vai aparecendo em sua vida. Quando me formei, fui orientado a nunca esperar o telefone tocar, pois a espera pode ser longa e talvez nem toque. Então tem que correr atrás. Ao mesmo tempo, é uma profissão que exige mais que talento, vocação, porque ninguém vai falar o que você tem que fazer para exercitar e desenvolver. Você tem que desenvolver, constantemente, essa disciplina. O palco te propicia isso. Se existe a casa do ator, esta é o palco. Não desmerecendo as demais, mas o teatro é a casa do ator. Fiz novela sim, cinema, mas em minha trajetória os caminhos foram desbravando me levando para isso, até agora!

 

OI - Já têm algum novo projeto em vista?

MALVINO - O que está definido é que ficamos em cartaz até dezembro, mas para janeiro já estamos quase fechando uma pauta em um teatro no Rio, encerrando nossa trajetória de quase um ano e meio de espetáculo. Recebi um convite para a próxima novela da Rede Globo, das 19h, "Haja Coração", baseada em "Sassaricando" e estou muito animado. Acho que começamos a gravar em fevereiro. Ainda não tenho muitas informações.

AUGUSTO - Eu estou com duas peças a serem realizadas no Rio, com o Grupo Tapa de São Paulo, com quem trabalho há algum tempo: uma que já fizemos uma temporada em São Paulo, há uns dois anos, de Nelson Rodrigues para o final fevereiro; e outra, um projeto meu e do Eduardo Tolentino, "Gato em Teto de Zinco Quente", de Tennessee Williams, com turnê por Rio, São Paulo, Belo Horizonte . Isso se os ventos não mudarem

 

OI - Malvino você é pai de Sofia, 6 anos, e Ayra, que acaba de completar 1 aninho. Qual o sentimento de ter sido agraciado com tamanha benção?

MALVINO - Eu teria que ficar aqui o dia inteiro falando. Mas é uma benção mesmo. Eu sempre gostei de crianças, mas o amor que um pai sente por um filho, pode parecer clichê, mas não tem igual, não há comparação, não existe nada semelhante que chegue perto disso. A gente ama os pais, os irmãos, os amigos, porém, como a um filho, não dá para comparar. Vem tudo junto, o instinto de proteção, a responsabilidade de saber o que você vai precisar para educar, o que não é fácil, pois precisa de dedicação diária, comprometimento... Tem que estar ali, ser carinhoso, mas saber cobrar quando necessário. Eu tenho uma preocupação que é fazer com que elas possam aproveitar a vida e serem felizes, mas dentro de um critério, respeitando o outro... Que elas sejam do bem e contribuam com a sociedade. Que tenham personalidade própria, mas interferirei se perceber que estão indo para um caminho errado, tipo do egoísmo. Acredito que a confiança que dermos para os nossos filhos, através do diálogo, mostrando as coisas simples, serão para sempre as mais importantes riquezas da vida para ele.

 

OI - Você tem filhos Augusto?

AUGUSTO - Que eu saiba não . As filhas do Malvino são duas lindezas! Eu ainda não encontrei a mãe. E é isso que eu quero, "a mãe", porque a gente nunca sabe por quanto tempo o casal ficará junto e a criança precisa dos dois. Então não pode ser qualquer pessoa. Eu sinto que tenho uma vocação muito grande para ser pai, mas ainda não encontrei a mãe! Quem sabe quando eu voltar estarei com o meu no colo!

 

OI - Como é ser casado com Kyra Gracie, pentacampeã mundial de jiu-jitsu, integrante de uma família de ídolos no esporte brasileiro?

MALVINO - Ah, ela é uma mulher maravilhosa em todos os sentidos, não só como lutadora, pelo renome que tem no esporte, mas por ser uma desbravadora, a primeira mulher da família que disse que queria lutar e conseguiu convencer a todos que poderia ser uma vitoriosa, como foi. Ela é um dos maiores nomes do esporte brasileiro, isso ninguém tira. Mas além e acima disso, é linda por fora e por dentro! É uma pessoa que quer o bem das outras e o que mais valorizo nas pessoas é o caráter, coisa que ela tem para dividir. E quando a gente se encontrou bateu de cara. Tudo se encaixou, pois não eram apenas as afinidades com o esporte, eu já fui competidor de jiu-jitsu também, conhecia a história da família Gracie. Mas somos muito parecidos em tudo, a afinidade do dia a dia, como lidamos com os dilemas que surgem...

 

OI - O espetáculo "Chuva Constante" tem sido sucesso por onde vai. Como é trazer uma peça para o interior?

AUGUSTO - É sensacional! Conhecer mais de perto pessoas que às vezes podem parecer distantes da gente. Para nós, é uma oportunidade de estar em contato com um Brasil mais profundo, pois a questão do teatro fica muito restrita entre Rio/São Paulo. O grande mercado está lá e pouco se sai fora desse eixo. E isso é tudo muito pequeno dentro da imensidão que a gente tem. E é bom a cada cidade levar a oportunidade de espetáculos que lhes traga algo a mais. O teatro é feito para o povo, para a cidade, e precisamos do público. Sem ele, não existe teatro!

MALVINO - O intercâmbio é muito importante, e levar uma história que vem tendo êxito tanto de público quanto de crítica é maravilhoso. Estar disponível para uma abrangência maior, realizar essa troca é um aprendizado para nós atores também, pois mostramos nosso trabalho e podemos olhar para as pessoas que às vezes nos conhecem apenas pela TV e vemos nos olhos dela diferentes reações. Tudo é positivo, na formação de público, possibilitando gêneros diferentes... Eu adoro comédia, mas não é só isso que deve ser expandido, trazido para o interior, mas um pouco de tudo, como nossa peça, que não se enquadra muito nesse gênero comercial, mas que o público está gostando.

 

serviço

"CHUVA CONSTANTE"


Classificação etária: 12 anos

Duração: 80 min

Local: Teatro Paulo Roberto Lisboa, Presidente Prudente (11) e Teatro Municipal de Dracena (dia 12)

Horário: às 20h

Convites: R$ 40 antecipado, R$ 60 inteira e R$ 30 meia-entrada

Pontos de venda: Frebrand e Otica Diniz; em Dracena na Wizard

 
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