Manifestação continua e divide caminhoneiros

Marmitas foram doadas por empresários e distribuídas aos manifestantes, no entanto, um problema de logística afetou a entrega, de modo que Fontan foi embora às 14h, com a dispersão dos motoristas, sem ter almoçado.

REGIÃO - Mariane Gaspareto

Data 04/03/2015
Horário 07:53
 

A greve dos caminhoneiros e empresários do ramo de transportes que tem atingido rodovias estaduais e federais continua na região de Presidente Prudente, mesmo após a sanção sem vetos da Lei dos Caminhoneiros – uma das reivindicações do setor. Ontem, das 9h às 14h, 233 caminhões e 300 pessoas ocuparam o acostamento da Rodovia Raposo Tavares (SP-270), do km 562 ao km 565, próximo ao Recinto de Exposições Jacob Tosello, em Presidente Prudente, segundo a Polícia Militar Rodoviária. Apesar do grande número de caminhoneiros que "aderiu" ao movimento, os manifestos têm dividido a opinião dos motoristas.

Jornal O Imparcial 233 caminhões ocuparam acostamento da Rodovia Raposo Tavares, durante protesto, ontem

"Me pararam aqui pela manhã e até tentei sair depois de um tempo, mas eles não deixam. Entram na frente, sentam no asfalto e apedrejam o veículo se você não parar. Só estou participando porque sou obrigado", afirmou o caminhoneiro Laurindo Fontan, 68, às 13h de ontem, somando quatro horas de protesto – período em que ficou sem água ou alimento. Marmitas foram doadas por empresários e distribuídas aos manifestantes, no entanto, um problema de logística afetou a entrega, de modo que Fontan foi embora às 14h, com a dispersão dos motoristas, sem ter almoçado.

Um dos organizadores da mobilização, Paulo Sérgio, 46, expôs o carregamento de frutas e alimentos que chegou aos caminhoneiros, várias garrafas térmicas de água, refrigerante, e banheiros disponíveis. "Nós conseguimos tudo isso com a ajuda dos empresários, tudo doação, e estamos distribuindo para o pessoal", explica. A greve chegou a contar com o apoio da UDR (União Democrática Ruralista) em Presidente Prudente, conforme o presidente Luiz Antônio Nabhan Garcia. "Os ruralistas apoiam a reivindicação desse setor, que transporta o que nós produzimos, pois ela é justa", explica.

Todavia, as informações se desencontravam entre os manifestantes, de modo que nenhum desses produtos chegou às mãos do caminhoneiro Celso Ricardo Miguel, 33. Ele alega que há falta de organização entre os líderes do movimento. "Fiquei em casa a semana passada toda e só vim pra rodovia hoje, porque disseram que não teria protesto. Claro que a greve vai trazer um resultado bom pra gente, em longo prazo, mas eu preferia ficar em algum lugar com conforto, não aqui sem banheiro, sem estrutura", afirma.

Apesar de classificado como "pacífico", a reportagem testemunhou confusões na greve, entre os participantes. Em uma delas, por exemplo, um caminhoneiro informava que "iria murchar os pneus" de um outro motorista, que tentava "furar" o manifesto.

 

Manifestação


A greve também ocorreu em outro ponto da SP-270, segundo a Cart (Concessionária Auto Raposo Tavares), no km 426, tendo iniciado às 8h e terminado às 16h. Em ambos os pontos cujos acostamentos foram ocupados pelos caminhões, a empresa e a Polícia Militar Rodoviária acompanhou e orientou os usuários e grevistas. Como noticiado, os protestos tiveram início na região na última quarta-feira, atingindo três rodovias da região. A manifestação cessou no final de semana e retornou ontem, na Rodovia João Ribeiro de Barros (SP-294). O movimento só alcançou o perímetro urbano de Prudente na sexta-feira.
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