Megaestrada que ligará oceanos e deve passar pela região divide opiniões

UEPP vê benefício no empreendimento, enquanto urbanista acredita que iniciativa é contraproducente, já que exportação de produtos deveria ser feita por ferrovias ao invés de rodovias

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 24/04/2023
Horário 17:32
Foto: BBC
Corredor bioceânico unirá costas dos oceanos Pacífico e Atlântico
Corredor bioceânico unirá costas dos oceanos Pacífico e Atlântico

O corredor bioceânico, projeto de infraestrutura que prevê ligar os oceanos Pacífico e Atlântico por meio de rodovias, deve passar pela região de Presidente Prudente.

De acordo com matéria da BBC News, a rodovia terá cerca de 2,2 mil quilômetros e cortará Argentina, Brasil, Chile e Paraguai, numa tentativa de facilitar o transporte de gado e a exportação de produtos aos portos que estão no Atlântico e no Pacífico. Estima-se que o custo aproximado da empreitada é de US$ 10 bilhões.

Ainda segundo a publicação, cada país tem a responsabilidade de cumprir alguns trechos e prazos, porém, não está claro qual é o prazo final para a conclusão do projeto. Em janeiro deste ano, os presidentes do Brasil e do Chile, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Gabriel Boric, confirmaram que iriam acelerar a construção dos trechos que correspondem aos seus territórios, segundo informa a reportagem. O Paraguai seria o país mais avançado na execução dos projetos, com um dos três trechos pronto.

Contraste de opiniões

O presidente da UEPP (União das Entidades de Presidente Prudente e Região), Renato Michelis, aponta que “a iniciativa traz em seu bojo não apenas o facilitamento de acesso às cargas e produção dos países envolvidos com os mercados de ambos os lados do continente sul-americano, como também um grande corredor turístico, pois abrange parte do Pantanal brasileiro, Chaco paraguaio e regiões dos Andes”. “Este projeto rodoviário, de acordo com estudos preliminares, passaria por Presidente Prudente e em muito nos beneficiaria”, avalia.

O urbanista prudentino Rogério Quintanilha, por sua vez, não vê com o mesmo otimismo. Segundo ele, essa ligação via rodovias “é contraproducente” e representa “retrocesso em termos ambientais e tecnológicos”. “Imagine ficar exportando soja por meio de caminhões quando você dispõe do transporte ferroviário, que possui uma capacidade de carga muito maior”, pondera. “Se o objetivo é exportar, é preciso fazer isso por meio de tecnologias atuais. A China desenvolvendo trens-bala enquanto, aqui, a gente aposta em caminhão: não parece uma visão de futuro animadora”, avalia.

Transporte ferroviário

Questionado sobre a possibilidade de o empreendimento reacender o interesse ferroviário na região, o presidente da UEPP menciona que há um projeto mais antigo ainda que seria realizar esta mesma ligação por meio de ferrovias. Contudo, isso nunca foi adiante.

“Mesmo que isso venha a acontecer, é mais provável que seja via Alta Paulista, que já está recebendo novos investimentos, do que na Malha Sul, que liga Presidente Epitácio a Rubião Junior [distrito de Botucatu, no interior paulista]”, cogita.

“Isso sem mencionar a possibilidade de a ligação ser feita usando também a malha ferroviária paranaense – pela Rumo –, que liga Maringá a Curitiba/Porto de Paranaguá ou mesmo via Cascavel/Guarapuava e o Porto”, completa.

Renato pontua que mais factível, talvez, seja o retorno de investimentos na Ferrovia Norte-Sul, que atualmente está parada em Estrela D’Oeste (SP) e, agora, planeja-se chegar até Panorama. “O traçado original desta terceira etapa passaria por Presidente Venceslau, seguindo até Chapecó [SC], o que colocaria Prudente bem perto da nova malha ferroviária brasileira”, considera.

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