Mesmo em queda, envio de cartões ainda é tradição

De acordo com papelarias de Prudente, foi registrada redução de 40% na procura pelo produto, em relação ao ano passado

VARIEDADES - PÂMELA BUGATTI

Data 21/12/2018
Horário 05:14
José Reis: Cartão de Natal faz parte da tradição dos prudentinos, mas procura cai ano a ano
José Reis: Cartão de Natal faz parte da tradição dos prudentinos, mas procura cai ano a ano

Em Presidente Prudente entregar cartões de Natal ainda é uma prática recorrente, mas as vendas nas papelarias caem a cada ano, o que faz com que os cartões fiquem “de lado” nas prateleiras, colocando em “risco” a tradição. Nas papelarias ouvidas pela reportagem, os cartões de Natal já estão deixando de fazer parte do estoque e os comerciantes registram uma procura 40% menor do que no mesmo período do ano passado.

O Natal é a época do ano em que as pessoas buscam ficar mais perto de quem elas amam e o cartão de Natal é um meio de se manter próximo. A empresária Catarina Sotocorno e Silva, 60 anos, conta que compra e escreve votos nos cartões desde os 13 anos de idade, pois seu pai e sua mãe sempre faziam questão de juntos escreverem para toda a família. Desta forma, Catarina pegou gosto pela tradição e acrescenta que é algo que não se deve ser perdido como ocorre com as mensagens do celular. “Guardo todos os cartões que recebo, pois o ato de ganhar um cartão é importante. Ele é o momento em que as pessoas param para pensar na gente e dedicam o seu tempo para demonstrar afeto por nós”, acrescenta. Catarina explica que seu objetivo é só de trazer alegria, transmitir desejos bons e paz.

O balconista da Gráfica Prudentina, Valter Junior Nunes Moreti, 28 anos, explica que os cartões de Natal ainda são procurados pelas famílias, mas que a demanda é baixa. Ele conta que em dezembro os produtos estão disponíveis já desde o início do mês e que o valor pode variar de R$ 1 até R$ 4,90. “Muitas pessoas buscam o cartão para mandar para os integrantes da família que estão longe”, fala Valter.

Já o comerciante José Mutsuo Sawamura, da papelaria Sawamura, lembra que a busca por esse produto já foi muito importante na vida das pessoas. “Cada família segue uma linha de tradição, porém, o cartão era uma unanimidade em todas elas”. Lá, as vendas caíram 40% em relação ao mesmo período de 2017. “As pessoas que compram sempre fazem a opção pelo mais barato, porque é um gesto de lembrança e o foco não é a beleza que o cartão contém.”

No passado, o período do Natal era envolvido em tradições como cartões, cantigas, a família reunida para a mesa farta da ceia, a chegada do Papai Noel e a troca dos presentes. No entanto, a tecnologia fez com que muitas coisas fossem alteradas, inclusive a forma com que as mensagens de felicitação são transmitidas. Algumas pessoas lamentam essa perda, como a comerciante Alessandra Cristina Augusto de Oliveira, 43 anos. Antigamente, ela criava cartões com o objetivo de transmitir o verdadeiro sentido do Natal, que é desejar para os amigos e familiares um fim de ano repleto de alegria. Ela escrevia mensagens individuais com base na particularidade de cada pessoa, o que tornava os cartões um verdadeiro presente de Natal. Para ela, hoje as mensagens são copiadas e coladas, e as pessoas não dão tanta importância para esse sentimento natalino. “Acabou ficando frio e esquecido”, comenta.

 

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