Mesmo sem necessidade, pacientes seguem internados

Betônico lembra que, há cerca de dois anos, houve uma ampliação do setor com a aquisição de 30 novos leitos, elevando o número de 90 para os atuais 120.

PRUDENTE - Iury Greghi

Data 22/08/2013
Horário 08:51
 

Das 19 pessoas internadas na Enfermaria de Nefrologia do Hospital Regional (HR) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, de Presidente Prudente, onze não precisariam estar no local. Os pacientes ficam impedidos de receber alta porque, se forem para casa, não conseguem retornar para fazer o tratamento da hemodiálise, já que as 120 vagas disponíveis no setor estão ocupadas.

Jornal O Imparcial HR dispõe de 120 vagas para hemodiálise e todas estão ocupadas

O coordenador do serviço de Nefrologia do HR, Gustavo Navarro Betônico, afirma que a internação desnecessária de pacientes começou a ocorrer há cerca de 45 dias, quando houve o esgotamento completo dos leitos de hemodiálise. No entanto, com a presença do enfermo em tempo integral no hospital, os médicos conseguem "encaixá-lo" nas três vagas emergenciais disponíveis por dia, além daquelas que surgem eventualmente, quando algum paciente não comparece ao tratamento.

O setor de enfermaria dispõe hoje de 30 leitos, mas, se não houver "medidas urgentes" para ampliar o espaço da hemodiálise ou fazer o remanejamento dos pacientes, até mesmo a alternativa de internar os pacientes para fazer o tratamento se tornará inviável. "Um dos pacientes já está internado aqui há um mês sem qualquer necessidade, porque a hemodiálise é um tratamento ambulatorial", expõe.

Segundo o médico, para um paciente conseguir um leito na hemodiálise, é preciso que alguém que esteja realizando o tratamento consiga um transplante de rim (desde o início, apenas duas pessoas atendidas pelo HR receberam um novo órgão) ou então venha a óbito. "Internar alguém sem necessidade, além de ser um prejuízo econômico, é um grande transtorno social para o paciente. Ele acaba abrindo mão da vida social para fazer a hemodiálise".

Betônico lembra que, há cerca de dois anos, houve uma ampliação do setor com a aquisição de 30 novos leitos, elevando o número de 90 para os atuais 120. Para auxiliar na resolução do problema, deveriam ser adquiridos, em sua visão, pelo menos mais 30 leitos. "Isso resolveria o problema agora, mas daqui a dois anos, a situação já se agravou de novo", acredita.

O promotor de Justiça, Mario Coimbra, ainda não tomou conhecimento da situação, mas reconhece que os problemas do hospital não se resumem ao setor de Nefrologia. "Há uma crise generalizada no HR. Estamos coletando informações para fazer uma visita ao hospital e incluiremos essa questão da hemodiálise na pauta", declara.

 

Posicionamento

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informa que "todos os pacientes com indicação para tratamento de hemodiálise em Presidente Prudente estão sendo atendidos". Segundo a pasta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que haja pelo menos uma máquina de hemodiálise para 15 mil habitantes, e a região de Prudente, com 728 mil habitantes, conta com 74 máquinas, ou seja, proporção de 1 equipamento para cada 9.837 habitantes, portanto, número acima do recomendado pela OMS.

A secretaria comunica ainda que os serviços da região atendem cerca de  450 pacientes e são referência para os 45 municípios abrangidos pelo 11º Departamento Regional de Saúde (DRS-11).

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