Milton Nascimento, 80 anos

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista latino-americano

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 14/06/2022
Horário 05:30

Uma vez assisti a um show do cantor Milton Nascimento no Teatro Gazeta, em São Paulo, e já faz um bocado de tempo, talvez uns 40 anos. Voz bonita e ótimo compositor. Ele vai iniciar sua última turnê Brasil afora e mundo afora. O cantor disse que está cansado durante entrevista para a Globo (JN). Para a nossa alegria, continuará compondo, segundo explicou na entrevista.
Milton Nascimento se apresentará em vários Estados, incluindo São Paulo, e também cantará nos EUA e na Europa, onde sua música sempre foi muito apreciada. Aliás, como definir a obra de Milton Nascimento? Confesso que não sei.
Evidente que ele esteve ligado ao pessoal da bossa nova, mas colocar nele o rótulo de bossanovista não seria adequado, pois Milton, que eu saiba, nunca gravou bossa nova. Samba eu não sei se ele gravou algum. 
Querem saber: isso não tem a menor importância. Milton Nascimento faz música universal, com um toque latino-americano. Basta a gente ouvir "San Vicente". Uma de suas canções mais conhecidas - e consagradas - é "Coração de Estudante", talvez a música mais executada nas festas de formatura ao lado do "We Are The Champions", do Fred Mercury.  
Milton começou bem. Ele está em grande forma em "Travessia", uma bela canção que o projetou nacionalmente. Depois, ele seguiu sua "travessia" e nos brindou com obras-primas, entre elas "Nada Será Como Antes", "Canção da América", "Ponta de Areia", "Maria, Maria", a já citada "Coração de Estudante" e essa beleza chamada "Bola de Meia, Bola de Gude".
Também brilhou ao lado de Chico Buarque, interpretando "Que Será" e "Cálice". As duas foram muito tocadas nas rádios, mas convém lembrar que suas canções nunca tiveram a divulgação que mereciam - e merecem - nas rádios, hoje mais preocupadas em tocar "músicas" desses sertanojos, alguns deles bem cretinos e cínicos, que mamam nas tetas de prefeituras pobres. Você não ouve Milton Nascimento no rádio. Baita injustiça.
Evidente que, a exemplo de outros artistas, Milton Nascimento não receberá homenagens oficiais pelos seus 80 anos. Por que não será homenageado no plano federal? Simples, seu Simplício: Milton tem lado, o lado certo da história. Ele sempre foi uma pedra na bota dos poderosos, mesmo sendo discreto, aliás, muito discreto, ao contrário do  Chico e do Caetano. Longa vida a Milton Nascimento, uma joia rara.

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