Nesse fim de ano, crescem no Brasil os casos de gripe, cujos sintomas podem ser confundidos com os da Covid-19. Segundo o infectologista Luiz Euribel Prestes Carneiro, essa grande incidência do vírus influenza no Brasil não está associada à atual estação do ano. De acordo com o especialista, normalmente a maior incidência do vírus da gripe ou vírus influenza ocorre nos meses frios do ano, de maio até setembro. Esta epidemia é totalmente atípica para esta época do ano. Essa gripe também pode matar? O especialista enfatiza que sim, pois o vírus influenza é mais letal que o coronavírus que causa a Covid-19. Em crianças, idosos ou gestantes, as populações mais vulneráveis, a possibilidade de morte pelo vírus influenza é cerca de quatro vezes maior que por Covid-19.
“O diagnóstico precoce e o tratamento com antiviral são importantes para uma boa evolução dos casos. Diante dos primeiros sintomas, o indivíduo deve procurar assistência médica o quanto antes. Prevenir ainda é o melhor remédio”, pontua o infectologista.
Perguntado a ele se as atuais vacinas disponíveis são eficazes para proteger a população contra as cepas do vírus, inclusive a mais nova, a H3N2, o infectologista diz que as vacinas são produzidas a partir de uma amostra feita com o vírus da gripe coletado em várias partes do mundo, no ano anterior. E dá o exemplo: a vacina que tomada em 2021 contém amostras de vírus coletados em 2020. Desse modo, como essa variante do H3N2 surgiu em 2021, ela não está presente na vacina aplicada no último inverno. Logo, com certeza, a nova cepa estará na vacina de 2022.
“Mas é importante que a população não vacinada receba a vacina disponível pela possibilidade de alguns anticorpos reagirem e neutralizarem os vírus da nova cepa e oferecerem proteção, ainda que menor. A vacina distribuída pela rede pública possui três cepas do vírus influenza: duas influenzas, sendo A [H1N1 e H3N2]; uma influenza B [linhagem B Victoria]”, explica.
Os cuidados preventivos são os mesmos recomendados para a Covid-19, porque, conforme Luiz Euribel, tanto a Covid-19 quanto os vírus influenza são vírus respiratórios, cujos mecanismos de transmissão se dão principalmente pela via respiratória, em menor quantidade pela boca e, eventualmente, pelos olhos. “Portanto, distanciamento social, uso adequado de máscaras e higienização das mãos são os principais cuidados para prevenir a infecção pelo vírus influenza”, acentua.
De acordo com o médico, como são vírus respiratórios, é possível adquirir os dois ao mesmo tempo, mas não é possível distinguir os sintomas como febre, tosse, dor de cabeça, coriza, mal-estar e prostração, comuns em ambos os casos.
O diagnóstico é laboratorial e está disponível tanto para Covid-19 quanto para o vírus influenza nas redes pública e privada. A rede privada já está disponibilizando um teste por PCR que detecta ao mesmo tempo Covid-19, Influenza A e B e vírus sincicial respiratório, que produz sintomas semelhantes ao influenza, principalmente cada vez mais comum entre crianças de até 9 anos.
“Ao contrário da Covid-19, a gripe tem um antiviral aprovado e que pode ser usado: o Oseltamivir. Lembrando que a pessoa deve procurar fazer o teste para descartar ou detectar a Covid-19 entre o terceiro e o sétimo dia do início dos sintomas. Antes do terceiro dia e após o sétimo dia pode dar um resultado falso negativo”, destaca o infectologista.
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Médico enfatiza que os cuidados preventivos para a H3N2 são os mesmos recomendados para a Covid-19
