Anorexia, bulimia, ortorexia, vigorexia. Essas palavras, cada vez mais comuns no dia a dia, se referem a distúrbios e transtornos de imagem. Infelizmente, mais do que nunca, a ditadura da beleza faz de muitas pessoas reféns de uma padronização do ideal do belo, muitas vezes, inatingível. Desta forma, ações que fomentem na população, em especial nos adolescentes – que estão em fase de crescimento e transformação - a valorização de suas identidades, de seus biotipos e etnias são de extrema importância.
Como ocorreu nesta semana na Escola Estadual Professor Joel Antônio de Lima Genésio, em Presidente Prudente. Em alusão à Semana da Consciência Negra, as alunas negras desfilaram e se orgulharam de seus traços, de sua cor, de sua beleza. Sob o tema “Posso ser princesa?”, a atração partiu das próprias participantes, que questionaram o motivo de apenas existir bonecas e protagonistas de contos de fadas brancas. Elas deram um show, fizeram um resgate cultural e mostraram que existe espaço para todo tipo de beleza.
O tempo passa, mas o padrão do que é belo, que tem como ícone a cinquentona Barbie, perdura entre as meninas. Pode até existir ramificações da boneca mais conhecida do mundo, mas aquela loira, magra, alta, de olhos azuis, está sempre em evidência e destaque. Como então, a criança negra, asiática, acima do peso, de cabelos enrolados, crespos, ruiva, que usa óculos, que tem alguma deficiência ou limitação física, conseguirá se reconhecer e se identificar? Como ela conseguirá se achar bonita, se é tão diferente do que dizem ser belo? Passou da hora dessa ditadura da beleza acabar, ou as pessoas continuarão buscando um ideal inalcançável, vivendo em eterna frustração e negação.
É óbvio que todos podem buscar a melhor versão de si mesmo – caso sentirem vontade. Mas, acima de tudo, devem se amar hoje, agora, e não apenas quando estiverem mais magros, com menos rugas, com um cabelo diferente. A sociedade precisa aprender a respeitar e valorizar cada um como é, e não repudiar ou ironizar a modelo plus size, quem é feliz e se aceita fora dos padrões de beleza.
Infelizmente, a aparência física ainda predomina sobre todos os demais aspectos do ser humano, gerando aversão ao processo natural de envelhecimento e a quem não se encaixa no perfil dos modelos de capa de revista. É preciso entender que, com o passar dos anos, a beleza se transforma e tende a refletir o que está no interior de cada um. Portanto, mais do que se preocupar com o que os outros veem, é preciso se importar com o que os outros sentem.