Mulheres: o coração pode infartar

Jair Rodrigues Garcia Júnior

As doenças cardiovasculares que provocam o infarto são responsáveis por cerca de 50% de todas as mortes no mundo. O aumento de 176% nos casos de infarto em mulheres 50+ e de 62% nas mulheres com até 49 anos nas últimas três décadas, divulgados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), não é uma surpresa, mas pode ser ao menos parcialmente revertido.

ESTILO DE VIDA 
Neste período houve significativa mudança no estilo de vida da população e, especialmente das mulheres, que ocuparam cada vez mais espaço no mercado de trabalho. Um caminho de progresso e de emancipação, mas também de acúmulo de tarefas (profissionais, domésticas e familiares), de estresse, ansiedade, depressão, má alimentação e sedentarismo. 

DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Em sua maioria os infartos são causados por desequilíbrios crônicos que prejudicam silenciosamente e progressivamente a função das artérias coronárias, que irrigam o miocárdio, músculo que bombea ininterruptamente o sangue para todo o corpo. A obstrução das coronárias por placas de colesterol (aterosclerose) vai interrompendo parcialmente o fluxo e se torna crítica quando um trombo (coágulo sanguíneo) chega ao local. Ocorre isquemia (cessa perfusão de sangue e entrega de O2) e as fibras musculares morrem.

MULHERES
Os hormônios sexuais femininos são um fator de proteção de eventos cardíacos até a menopausa, junto com outros (dieta, menos tabagismo, mais consultas médicas). Porém, as mulheres são mais susceptíveis aos problemas mentais (estresse, ansiedade, depressão), que aumentam os riscos de infarto. A isquemia numa região do miocárdio provoca sintomas diferentes em homens e mulheres. No homem é bem característica a dor intensa no peito. Nas mulheres pode ocorrer um cansaço extremo ou sinais semelhantes a uma crise de ansiedade. Por isso, muitas mulheres não procuram um serviço de saúde quando deveriam e, por vezes, profissionais de saúde sem experiência suficiente não fazem o diagnóstico correto. A situação se agrava e pode ser fatal.

PREVENÇÃO
As providências básicas e imediatas são: prática de exercícios (o sedentarismo é “grande parceiro” do infarto), dieta adequada, sono necessário e de boa qualidade, ficar longe do cigarro e congêneres, diminuir ao mínimo ou não consumir álcool. Esses comportamentos diminuem o risco de obstrução das arterias coronárias em 17%. Além disso, realizar consultas e exames regularmente com médico cardiologista para monitorar e controlar o peso corporal, colesterol no sangue, a pressão arterial, diabetes, função do fígado e dos rins. Mulheres com histórico familiar de infarto e acima de 40 anos devem ser ainda mais disciplinadas nos cuidados.

SINTOMAS
Para as mulheres que já sofreram infarto não fatal a chance de precisar de nova internação no primeiro ano é 65% maior, sofrem 46% mais complicações e têm risco 120% maior de morte no primeiro ano após o evento, em comparação aos homens. Por isso, dor ou desconforto no peito, disparos no coração, cansaço extremo, dificuldade em respirar ou falta de ar, mal-estar súbito, fraqueza intensa, tontura, suor frio, sensação de desmaio, dor no abdômen ou nas costas, palidez, náuseas, vômitos e dificuldades para dormir devem ser considerados para procurar um médico.

A isquemia (falta de sangue que leva ao infarto) numa região do miocárdio provoca sintomas diferentes em homens e mulheres.

 

Referências

Dreyer RP, ..., Krumholz HM. Young women with acute myocardial infarction: current perspectives. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2017;10(2):e003480. DOI: http://dx.doi.org/10.1161/CIRCOUTCOMES.116.003480

Liblik K, ..., Johri AM. Depression and anxiety following acute myocardial infarction in women. Trends Cardiovasc Med. 2022;32(6):341-347. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.tcm.2021.07.005

Mehta LS, ..., Wenger NK, American Heart Association. Acute myocardial infarction in women: a scientific statement from the American Heart Association. Circulation. 2016;133(9):916-47. DOI: http://dx.doi.org/10.1161/CIR.0000000000000351

Pedersen LR, ..., Prescott E. Risk factors for myocardial infarction in women and men: a review of the current literature. Curr Pharm Des. 2016;22(25):3835-52. DOI: http://dx.doi.org/10.2174/1381612822666160309115318

 

Leia

Mulheres: o coração pode infartar

Observed that a 1-MET increase in cardiorespiratory fitness was associated with a 13% reduction in all-cause mortality and a 15% reduction in CHD/CVD mortality
Each 1-MET increase assessed by the Duke Activity Status Index (DASI) score was associated with an 8% decrease in the risk of major adverse cardiovascular events during follow-up [124].
Each 1 ml/kg/min increase in initial VO2 peak was associated with a 10% lower cardiac mortality


Duke Activity Status Index (DASI) score

Wessel TR, Arant CB, Olson MB, et al. Relationship of physical fitness vs body mass index with coronary artery disease and cardiovascular events in women. JAMA 2004; 292: 1179-87.

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