Não caia no doping involuntário

Jair Rodrigues Garcia Júnior

 

Doping é um termo conhecido de todos e normalmente relacionado aos esportes competitivos. Infelizmente são comuns os casos de doping em competições nacionais e mundiais, o que faz com que algumas pessoas até o considerem “normal”. Não é! O doping nem sempre melhora significativamente o desempenho, mas sempre trás o risco de efeitos colaterais para o atleta ou simples praticante de musculação da academia.


DOPING
É caracterizado pelo uso de substâncias estranhas ao corpo (ex. medicamento diurético) ou de doses exessivas (farmacológicas) de substâncias normalmente presentes no corpo (ex. hormônios testosterona e GH). Representa um estímulo que melhora o desempenho de forma artificial e antiética, contrário, portanto, aos valores e à honestidade que devem ser praticados por todos os atletas. Além disso, trás risco à saúde.

EVOLUÇÃO
O primeiro caso de doping foi registrado no final do século XIX e o ciclista morreu por overdose de estimulantes. A partir dos anos 1940 o doping começou a ser usado pelos soldados da II Gerra Mundial e depois se disseminou no esporte. A partir de 1960 começou o controle dos atletas e o doping foi evoluindo dos hormônios para substâncias variadas e a genética. 

CLASSES DE DOPING
Hormônios anabólicos (testosterona, hormônio do crescimento - GH) são os mais comuns, seguidos de estimulantes (efedrina, noradrenalina, sibutramina), hormônio hematopoiético para endurance (eritropoetina - EPO), diuréticos (furosemida, clorotiazida), agentes anabólicos (SARMs, clenbuterol), moduladores metabólicos (AICAR, GW1516), glicocorticóides (cortisona, prednisolona), beta-bloqueadores (atenolol, bisoprolol), drogas (maconha, cocaína) e outros.

REMÉDIO OU “DROGA”?
Mesmo que você não seja atleta competidor provavelmente já viu alguns dos nomes acima (lista completa em www.wada-ama.org). Não fique surpreso se está usando ou já usou algum deles como remédio para um problema temporário ou doença crônica. Os medicamentos existem para as doenças. O problema é o uso como “droga” para obter vantagem não relacionada a uma doença. Pessoas saudáveis que usam esses medicamentos e substâncias com ou sem prescrição de especialista estão se dopando involuntariamente (?) e colocando em risco a saúde. Atitude que pode ser mais danosa que outros vícios.

PROIBIÇÃO
Em abril de 2023, finalmente o Conselho Federal de Medicina – CFM divulgou resolução “proibindo” a prescrição, divulgação e realização de cursos sobre uso de medicamentos esteróides anabolizantes para fins estéticos, de longevidade (?), de desempenho e de ganho de massa muscular. O que vem se disseminando é o “doping clínico” para pessoas comuns com diferentes promessas, resultados imediatos, mas total incerteza quanto aos efeitos danosos em médio e longo prazo. O doping representa uma chaga no esporte, por isso os atletas com teste positivo deveriam ser banidos definitivamente (não apenas suspensos) das competições.
 

 Pessoas saudáveis que usam medicamentos e substâncias com ou sem prescrição estão se dopando e colocando em risco a saúde.

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