Não é normal

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 15/08/2017
Horário 11:55

As necessidades básicas, garantidas pela Constituição Federal, como saúde, educação e segurança, concorrem diretamente com as necessidades dos políticos e seus respectivos partidos, de se manterem no poder. São gastos dos governos sem cortes significativos. Emendas milionárias entregues a deputados e senadores. Perdões de dívidas num momento que falta de tudo um pouco para população. Será que os políticos acham realmente isto normal?

Observe as manobras utilizadas pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB) para garantir a permanência no poder. Os cargos comissionados foram utilizados abertamente para persuadir deputados a votarem a favor do governo. Estes cargos comissionados deveriam atrair os melhores e mais qualificados profissionais do mercado, para garantir a eficiência que tanto o governo diz buscar. Talvez os políticos achem tudo isso normal, por esta ser uma prática comum. Afinal, nenhum dos governos anteriores: Sarney, Color, Itamar, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma, deixaram tal estratégia de lado. Isto realmente parece ser algo “normal” na visão política.

Posto isso, ainda há outros episódios que merecem destaque. Segundo a ONG (Organização Não-Governamental) Transparência Brasil, mais de 65% das crianças de até 3 anos estão sem creches. Há mais de 2,5 mil em obras inacabadas. Conforme matéria divulgada no Bom Dia Brasil de ontem, o governo investiu R$ 1,5 bilhão, e o que se vê, a exemplo do Estado do Rio de Janeiro, campeão em obras paradas, é que muitos investimentos nesta área se resumem a terrenos baldios que são utilizados para depósito de lixo. Soma-se a estes fatos a falta de medicamentos de primeira necessidade à população, postos de saúde, segurança pública e a educação.

Diante da falta de responsabilidade dos governos na aplicação do dinheiro dos impostos, como esperar compreensão da população quando se fala em mais um aumento de impostos ou congelamento de aposentadorias? Além disso, o governo oferece o remédio amargo para a sociedade e não dá o exemplo. É como diz o jornalista Alexandre Garcia: “Enquanto faltam recursos para creches, educação, saúde e segurança, os governos (federal, estadual e municipal) parecem estar em outro planeta. Não conseguem diminuir seus gastos, nem sequer aqueles que não são obrigatórios”.

Por mais que os políticos tentem fazer parecer que tudo isso é normal, ao ver os recursos humanos e financeiros destinados à manutenção do poder, em detrimento das necessidades da população, o descontentamento de quem paga os impostos é natural, afinal, isto não é normal.

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