Sempre há diferentes motivações e limitações para iniciar ou reiniciar uma atividade. Neste momento focaremos no exercício físico. Você tem uma rotina diária que inicia bem de manhã e termina no final da noite, quando parte para suas 7-8h de sono. O exercício físico já está encaixado nesta rotina ou pode ser inserido? Você tem motivação para isso? Há condições limitantes reais?
RAZÃO
Há um consenso da ciência e dos profissionais da saúde sobre a necessidade e os benefícios do exercício físico. O sedentarismo é um fator de risco para mais de 26 doenças crônicas e diminui a expectativa de vida. A obesidade atinge cerca de 60% da população adulta e provoca outras doenças. As doenças cardiovasculares levam à morte mais de 1 mil brasileiros por dia. Porém, os aspectos racionais como a prevenção de doenças e mortes não são motivadores para todas as pessoas.
CONTINUIDADE
Muitas das pessoas que estão sedentárias, em algum momento da vida (ou mais de um) iniciaram a prática de exercício por diversos motivos e objetivos, porém não continuaram. Neste aspecto de continuidade, o exercício não se diferencia de várias outras atividades que são iniciadas, não chegam a receber o “selo de prioridade”, não se tornam hábito e são interrompidas.
É MODA
O fato de influenciadores, amigos, parentes, colegas de trabalho, etc, praticarem exercício pode ser um aspecto motivador para iniciar. A moda de pegar a garrafinha, ir para academia e se mostrar fitness no Instagram tem seu lado bom, desde que a pessoas mantenha a regularidade nos exercícios e mantenha o estilo de vida ativo.
COMPORTAMENTO
Iniciar a prática de exercícios é uma mudança comportamental e, como tal, deve ser entendida como um processo que transita por diferentes estágios de motivação e prontidão. Os pesquisadores Prochaska e Di Clemente definiram e descreveram o processo de mudança comportamental em quatro estágios: [1] Pré-contemplação – ainda não há intenção de mudança e nem mesmo um “conflito interno” sobre mudar ou não; [2] Contemplação – já há consciência e análise sobre a possibilidade de mudança e se estabeleceu o “conflito interno” sobre mudar ou não; [3] Ação – já foi tomada a decisão de mudar, já foi escolhida uma estratégia sobre o que fazer e já está começando a fazer; [4] Manutenção – é mantida a decisão pela mudança, assumido o novo comportamento, que vai sendo consolidado com o passar do tempo.
Iniciar a prática de exercícios é uma mudança comportamental e, como tal, deve ser entendida como um processo que transita por etapas
CONTEMPLANDO
Ao ingressar no estágio 2 são vários os aspectos ponderados, incluindo facilidades, dificuldades, benefícios, prejuízos, compensações e renúncias. Por vezes há progressão para o estágio seguinte (ex. 23), mais pode haver regressão para o estágio anterior (ex. 32), seguida por nova progressão.
AMADURECIMENTO
Em muitos casos o estágio 2 se estende num processo longo de amadurecimento. A entrada precoce no estágio 3 pode ser percebida na baixa assiduidade e baixa motivação nos treinos, que culmina no abandono semanas depois. O estágio 4 nem sempre é tranquilo, pois nem sempre o novo comportamento se consolida para ser mantido ao longo da vida. Ter o marido/esposa, parente ou amigo de companhia ou praticar em grupo podem ser fatores determinantes na continuidade.
RAZÃO E MOTIVAÇÃO
Alguns benefícios mencionados para iniciar e manter a prática. Ambos os sexos: melhora do condicionamento físico e da saúde. Mulheres: melhora estética, aumento da autoestima e estar ao ar livre. Homens: diminuição do estresse e da ansiedade e melhora da autoestima. Caso esteja no estágio 2, racionalize e pondere os vários aspectos, converse com quem já está no estágio 4, combine com alguém que também está no estágio 2 para avançar para o estagio 3 e experimentar. Priorize sua saúde.
Referências
Marshall SJ, Biddle SJ. The transtheoretical model of behavior change: a meta-analysis of applications to physical activity and exercise. Ann Behav Med. 2001; 23(4): 229-46. http://dx.doi.org/10.1207/S15324796ABM2304_2
Pedersen BK, Saltin B. Exercise as medicine - evidence for prescribing exercise as therapy in 26 different chronic diseases. Scand J Med Sci Sports. 2015; 25 Suppl 3: 1-72. http://dx.doi.org/10.1111/sms.12581
Prochaska JO, DiClemente CC, Norcross JC. In search of how people change. Applications to addictive behaviors. Am Psychol. 1992; 47(9): 1102-14. http://dx.doi.org/10.1037//0003-066x.47.9.1102
Velicer WF, Hughes SL, Fava JL, Prochaska JO, DiClemente CC. An empirical typology of subjects within stage of change. Addict Behav. 1995; 20(3): 299-320. http://dx.doi.org/10.1016/0306-4603(94)00069-b