Nobres há muitos 

António Montenegro Fiúza

«Nobres há muitos. É verdade.
Verdade. Homens muitos. É muito verdade.
Verdade que com um lenço velho
As nossas mãos foram enlaçadas. //
Nós, como aliados, eu digo.
Panos, só um, tal qual afirmo.
A lua ilumina o meu feitio.
O sol ilumina o aliado.»
Timor Amor, José Ramos Horta

Como quem refaz a viagem das antigas caravelas, como se nos encontrássemos em 1512 e fôssemos à procura de sândalo e outras especiarias, assim rumamos a Timor Lorosae, em direção ao nascer do sol. A misteriosa Ásia, jovem e pululante de vida, vibração e cor, nos acolheu de braços abertos; tão intrigante e atrativa, tão simples e humilde, quanto abastada e deleitosa. 
Buscávamos conhecer esse povo irmão, que também fala a mesma língua, pertencente à mesma pátria da língua portuguesa. Depois da luta pela independência, o povo timorense se reerguia, se construía como país e como república e queríamos lá estar, solidários e ativos, peças para a reconstrução. Aliados!
Nobres, nobres sim! Homens corajosos e mulheres valorosas, com as mãos carregadas de esperança e o olhar pleno de força e determinação. Afinal, a construção de um país é tarefa ilustre e assaz distinta, ainda que muitas vezes anónima.

«Água de Héler! Pelo vaso sagrado!
Nunca esqueça isto o aliado.
Juntos, combater, eu quero!
Com o aliado, derrotar, eu quero!», idem

Da varanda de uma antiga casa, em estilo típico timorense, a conversa discorria amena com o Doutor José Ramos Horta, presidente da República de Timor Lorosae, jovem nação, imberbe e enérgica, plena de motivação e vontade de ser melhor, a cada dia. Mais do que dirigente, o Prêmio Nobel da Paz é um líder, inspirando os mais velhos e os mais jovens, demonstrando que, após décadas de lutas e guerra, a paz enfim chegara... e pela paz, o país seria contruído, reconstruído e exaltado.
A paz chegara enfim a Timor Lorosae, uma paz construída e regada com suor e lágrimas, a bendita e tão sonhada paz. E os aliados ainda cá estão, para unir as suas vozes, em cânticos de labor e luta… não luta de dor e morte, mas luta de construir, de conceber, de fazer e de crescer. Luta que faz sorrir e que enche o coração de alegria.  

«A lua ilumina o meu feitio.
O sol ilumina o aliado.
Poderemos, talvez, ser derrotados
Ou combatidos, mas somente unidos.», ibidem 
 
Da varanda de uma antiga casa, fiz-me aliado desta nação. Aliado! Aliando a minha voz à sua voz; o meu esforço, ao seu futuro. Aliado! 

 


 

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