Nos faltam projetos de longo prazo

OPINIÃO - Renato Michelis

Data 10/10/2023
Horário 04:30

Dias atrás, o ministro de Minas e Energia do atual governo federal disse que apresentará até o final desta gestão um projeto para expansão da hidrovia Paraguai-Paraná. Iniciativa maravilhosa, diga-se de passagem. Porém, fiquei me perguntando...
Por que uma obra tão grandiosa e importante como Itaipu, já não foi concebida desde o início com projetos para futuras eclusas, e uma integração hidroviária mais abrangente entre os países e regiões atendidas?
De forma geral, em nossa cultura, o costume de projetar no médio e longo prazo deixa a desejar. Temos uma ideia imediatista de desenvolvimento. Faz parte da nossa política, que busca realizações rápidas para auferir resultados para reeleições e, de formal pessoal, o brasileiro, muitas vezes, busca apenas os resultados imediatos e não vislumbram os potenciais em futuro distante, muito menos metas a serem atingidas ou mesmo superadas. 
Uma frase, sempre dita em tom jocoso, diz que: “No Japão, um projeto leva cinco anos para ser idealizado e cinco meses para ser realizado”. Aqui seria o inverso: cinco meses projetando e cinco anos construindo... Seria risível se não fosse realidade; afinal, são incontáveis as obras públicas que vemos se arrastarem por anos a fio, consumindo verbas e sem propiciar os benefícios a que se destinam. E, quando são finalizadas - se assim o forem - constantemente nos deparamos com erros de projeto ou falta de atualizações, com necessidade de ajustes ou modernização. 
É preciso iniciar um processo de mudança nesse costume, para isso, podemos começar dentro de nosso próprio quintal. De forma pessoal, revendo nossos projetos para que alcancemos uma melhor visão do horizonte a qual queremos chegar; sobretudo, é no trato da coisa pública que essa nova perspectiva pode produzir os maiores resultados, pois reflete em toda sociedade.
Desenvolver um plano diretor de nossas cidades, atualizado e moderno, é o alicerce para um desenvolvimento organizado. Planejar despesas e investimentos para além dos próximos mesesé uma regra orçamentaria imprescindível para uma gestão pública fluida e sem percalços. Licitar obras com projeto arduamente discutido, pensado e repensado por profissionais e pela sociedade civil de forma transparente e calculada, é uma das chaves para que cronogramas e orçamentos sejam cumpridos.  
Nossos municípios têm um planejamento em longo prazo, de dez ou 20 anos? Fica o desafio para o leitor indicar quais! Para mudarmos nossa comunidade, devemos iniciar transformando a nós mesmos e, com isso, estaremos cada vez mais aptos a mudar nossos gestores e representantes públicos, inclusive acompanhando e cobrando!

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