O Agro movido a ciência

Cristiano Machado

COLUNA - Cristiano Machado

Data 14/04/2022
Horário 06:45
Foto: Alan Rodrigues/Embrapa 
Cerimônia de posse de Gustavo Spadotti na Embrapa Territorial 
Cerimônia de posse de Gustavo Spadotti na Embrapa Territorial 

O engenheiro agrônomo Gustavo Spadotti, que assumiu a chefia geral da Embrapa Territorial em janeiro deste ano, foi formalizado no cargo, na segunda-feira (11). Spadotti sucede o pesquisador Evaristo de Miranda, gestor do centro de pesquisa durante os últimos seis anos. A solenidade de posse aconteceu no auditório da instituição, em Campinas (SP), e contou com a participação de empregados, colaboradores e mais de 150 convidados.
Evaristo de Miranda esteve à frente do centro de pesquisa em três períodos (o da sua criação, início dos anos 2000 e de 2015 a 2021). Em cada uma dessas passagens, enfrentou diferentes desafios e realizou uma série de pesquisas. No entanto, ele considera, como maior contribuição de sua gestão, os estudos que dimensionam o papel dos agricultores brasileiros na preservação do meio ambiente. “Hoje, sabemos que os produtores rurais são responsáveis por preservar 33% do território nacional em suas propriedades. Este trabalho é importante para desmistificar a visão de que o agricultor é o vilão do meio ambiente”, enfatizou o ex-chefe-geral.

Demandas da sociedade

Em seu pronunciamento, Spadotti afirmou ter como objetivo manter a Embrapa Territorial como referência nacional e internacional na busca pelo desenvolvimento sustentável com equilíbrio entre sociedade, natureza e o aumento da produção competitiva de alimentos, fibras e energia para o Brasil e o mundo. “Vamos fortalecer o centro de pesquisa como instrumento estratégico para atender às demandas do Estado brasileiro, do governo, do setor do agro e de toda a sociedade. Faremos entregas para solucionar problemas reais que os produtores enfrentam no dia a dia. E também estreitaremos os laços com nossos parceiros”, declarou ao destacar algumas ferramentas de inteligência territorial estratégica já desenvolvidas pelo centro de pesquisa. Spadotti disse que sua confiança na Embrapa, em seus colegas e o fato de acreditar no futuro do Brasil como nação, o levou a assumir todos os desafios do novo cargo. “Vamos sempre servir ao nosso país. Vamos juntos lutar por um Brasil mais forte, mais justo e mais produtivo”. (Com informações da Embrapa)

Alan Rodrigues/Embrapa 

Spadotti: “Vamos juntos lutar por um Brasil mais forte, mais justo e mais produtivo”

Alternativas aos fertilizantes
A guerra entre Rússia e Ucrânia tem gerado preocupação na economia em todo o mundo. No Brasil, além das questões humanitárias, o que tem afligido os especialistas é a possibilidade do desabastecimento de importantes produtos, além da falta de insumos essenciais para a agricultura, como os fertilizantes.
Segundo informações da COGO Inteligência em Agronegócio, atualmente o Brasil é o 4º consumidor global de fertilizantes, responsável por 8% do total e é o maior importador mundial, com 39,2 milhões de toneladas, o que equivale a mais de US$ 14 bilhões. A pesquisa aponta ainda que os aumentos dos preços globais deste insumo já vinham acontecendo antes mesmo da guerra na Ucrânia, por causa da elevação na cotação do gás natural.

Bruno Barbosa Guimarães/Divulgação 

Aumentos dos preços globais deste insumo já vinham acontecendo

Atual conjuntura 
Isoladamente, a Rússia foi o maior exportador de fertilizantes para o Brasil no ano passado, com 23% do total, seguido de China (14%) e de Marrocos (11%). Diante da atual conjuntura, agora o país e suas autoridades buscam alternativas para evitar o eventual desabastecimento deste insumo fundamental à produção agrícola. Atualmente, há no Brasil em torno de 90 a 100 dias de estoques de fertilizantes e os fluxos de importação não foram completamente interrompidos: o fundamental é tê-los a tempo de plantar a próxima safra de verão (1ª safra 2022/2023).

Impacto na produtividade 
Há também riscos de ocorrer a não entrega de insumos já vendidos, especialmente após a Rússia anunciar que não exportaria adubos a vários países, ainda que o Brasil não esteja na lista. O impacto na produtividade, no entanto, poderá ser mais relevante se a crise se estender até a 2ª safra de milho 2023, se houver dificuldade de obtenção de Nitrogênio (N). O maior problema ainda é o potássio, visto que dois dos três maiores fornecedores globais, Rússia e Belarus, estão no imbróglio, mas ainda não a ponto de prejudicar a semeadura. Contudo, haverá efeitos sobre os custos de produção, já que esses insumos respondem por 30% do custo dos grãos e, com as altas desde 2021, o percentual sobe para 35% a 40%.

Revolução agrícola 
O Brasil está entre os 10 maiores irrigantes do mundo. Segundo estudo da ANA (Agência Nacional de Águas), entre 1960 e 2015 a área irrigada no país aumentou expressivamente, passando de 462 mil hectares para 6,95 milhões de hectares (Mha), e pode expandir mais 45% até 2030, atingindo 10 Mha.  A média de crescimento estimado corresponde a pouco mais de 200 mil hectares ao ano, enquanto o potencial efetivo de expansão da agricultura irrigada aqui é de 11,2 Mha.

Divulgação

Irrigação é fundamental para ampliar a produção de alimentos

Importante instrumento 
Estes números comprovam o quanto a irrigação é fundamental para ampliar a produção de alimentos no mundo. Além de garantir segurança ao produtor, reduzindo os impactos climáticos, a técnica ainda é um importante instrumento no uso racional da água. Suas tecnologias possibilitam irrigar apenas no momento certo, no lugar correto com a quantidade necessária para que a planta não tenha estresse hídrico gerando economia do recurso e maior produtividade da lavoura. “Por todos esses benefícios, acreditamos que a irrigação entra como a quarta revolução agrícola do Brasil”, disse Eduardo Navarro, diretor geral da Lindsay do Brasil, durante encontro com as revendas e distribuidores da marca, que reuniu mais de 70 pessoas.

Revolução do agronegócio 
Muito aguardada por todos, a chegada do 5G no Brasil promete trazer uma grande revolução quando o assunto é internet de qualidade e conectividade no campo. Especialistas garantem que o país será o mais beneficiado pela tecnologia na América Latina. O setor de agronegócio, por exemplo, pode ter um acréscimo em suas receitas até 2030 em cerca de R$ 10 bilhões, graças ao 5G. Com apenas 23% da área rural coberta com sinal de internet móvel, o país poderia ampliar o valor da produção agrícola em até R$ 100 bilhões com a ampliação do sinal de telefonia.

Divulgação 

Altos níveis de produtividade muitas vezes não são alcançados

Absorção de nutrientes
Já está na pauta de todo produtor rural para onde direcionar boa parte dos recursos de investimento nas lavouras. São estes dois setores bem definidos: fertilidade de solos e controle de ervas daninhas, pragas e doenças. Segundo o engenheiro agrônomo, especialista em fisiologia vegetal e coordenador de pesquisa e desenvolvimento da DVA Agro, Renato Menezes, rotineiramente relatos são ouvidos a campo como, por exemplo, “adubo no solo e defensivo na folha é o básico que pode ser feito, o resto é só chover ou irrigar que dá tudo certo’’.

Os problemas 
Mas, não é bem assim. O que se tem observado é que mesmo que com uma boa fertilização, controle eficiente de ervas daninhas, pragas e doenças, e, volumes de chuvas ou manejo de água adequado para a cultura nas áreas irrigadas, os altos níveis de produtividade muitas vezes não são alcançados. “Os problemas só passam a existir a partir do momento que tomamos ciência dos mesmos”, destaca o profissional.

Capacidade das plantas 
Isso acontece devido aos fatores de limitação da exteriorização da capacidade produtiva para a maioria das culturas exploradas comercialmente. “Estes fatores influenciam na plena capacidade das plantas em absorver os nutrientes que estão disponíveis na solução do solo”, relata o coordenador.

Alta relevância 
O cenário atual de altos custos e falta de insumos, levanta ainda mais a importância dessa questão do aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. “É de suma relevância entender a dinâmica de absorção e fatores correlatos a interação entre solo, nutrientes e plantas", afirma o especialista.


 

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