O banquete da paz

OPINIÃO - Durval Bertho Neto

Data 19/04/2022
Horário 04:30

Que haja pão em todas as mesas e que ninguém fique de fora do banquete da vida

A analogia da mesa é sempre fascinante. Boas notícias, momentos marcantes, celebrações inesquecíveis, são parte do contexto da mesa. 
Onde se assentar: à mesa com a simplicidade e a paz ou à mesa com a vaidade e o ódio? Parece uma indagação de fácil resposta, mas a prática demonstra que obviedades não são aceitas quando o ego humano está em destaque.
É oferecido diariamente o infame banquete da vaidade: convite à retaliação, promoção da vingança, desajuizados alimentando-se do ódio, brindando ao rancor e à inveja.
A raiz destes males está intrinsecamente ligada ao orgulho humano. O constante descontentamento conduz à mesa da exasperação.
A intransigência do egoísta e a voracidade do furioso transformam a prosperidade em desgraça, quando se tinha de tudo para dar certo.
Deseja-se desfrutar do lucro de horas infindas de trabalho, de exaustivas jornadas, sem que se perceba, porém, que a própria dinâmica do arrojo pelo sucesso provoca distanciamento e indiferença, resultantes de um sentimento desvairado por conquistar. Mas, conquistar o quê? 
Desavisado, o ser humano que busca no lugar errado, só consegue encontrar no outro a causa de sua insatisfação: bem-vindos ao banquete da acusação, conquistado com muito suor. Comum nos lares pós-modernos.
Mais diretamente: o ser humano quer sempre mais, nunca está contente. Sacrifica tudo para pôr algo sobre a mesa, mas não consegue desfrutar disso.
“Tudo muda quando eu mudo”, disse uma vez o sábio.
Equilíbrio é palavra esplêndida. De volta à sanidade (equilíbrio) o ser humano revê seus objetivos. Algo maior do que ele mesmo, abre seus olhos.
Assentar-se à mesa com alguém é um grande privilégio. Significa estar vivo e fora da solidão. Há um ocupante preciso, que deve ocupar a cabeceira: a paz.
Não mais à mesa com a frustração, mas, agora com a satisfação, surgem oportunidades singelas de demonstrar grande amor. Esse sim, o amor, é o prato principal que a todos alimenta. Novos ocupantes para trazer alegria e resignificação ao ser.
No banquete do amor, o humano encontra sua paz. Bois cevados estão à venda, mas a paz não está nas prateleiras. Ela é um dom.
E assim, não importa se há muito ou pouco sobre a mesa, mas sim quem está assentado junto de você.
Se a mesa foi preparada por Deus, aquele que dá a paz, mesmo que sobre ela haja apenas um prato de hortaliças, haverá completude, gratidão e amor. Essa é a beleza da simplicidade: Deus está no meio dela.
“Melhor é um prato de hortaliças onde há amor do que o boi cevado e, com ele, o ódio.” Rei Salomão, em Provérbios 15.17.
Aquele que desperdiça sua vida pela ganância, esquecendo-se da prioridade absoluta que é a paz no lar, a vida com Deus, vive se alimentando do ódio. 
De fato, só quem já experimentou sabe que as melhores coisas não estão à venda, são de (pela) graça (gratuidade). 
 

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