O Espadachim, um cronista a favor do tango, da tanga e de Tanganica

OPINIÃO - Sandro Villar

Data 20/08/2023
Horário 04:15

Mesmo antes de começar o mês de junho o padre Pacheco já começava a avisar os fiéis de sua paróquia sobre a procissão de Santo Antônio, que reunia uma multidão na cidadezinha, quase um vilarejo, onde o único transporte coletivo era feito por uma jardineira, aquele ônibus antigo. O piedoso sacerdote, além do recado nas missas, também ia de porta em porta com a mesma missão.

"Quero todo mundo na procissão", dizia o padre, empolgadíssimo com o evento. Até mesmo na barbearia do seu Toninho, onde cortava o cabelo e aparava a barba branca, o padre se lembrava de convidar o barbeiro e os fregueses. "Você, Toninho, pode até arrumar uma nova esposa, pois Santo Antônio é o santo casamenteiro", lembrava ao barbeiro, que era viúvo. "Pode deixar", seu padre", respondia o barbeiro, que não fazia barbeiragens na cara dos fregueses.

Também entrava em bares e conversava com os velhos que jogavam truco na rua. Padre Pacheco era bom de papo. Tinha grande poder de convencimento. Neste mundo digital seria um influencer. Era um padre das antigas, que até rezava missa em latim. 

Lembrai-vos que citei a jardineira, ônibus bem antigo mesmo. Parecia uma caminhonete gigante. As maiores, claro, porque havia jardineiras, digamos, pequenas. Além de ônibus, jardineira também é sinônimo de vaso de flores, que igualmente pode ser usado para cultivar ervas medicinais e hortaliças, sem contar que jardineira também é a mulher que cuida de jardins (Meus Deus, que cronista erudito, sô!).

Como é óbvio, convém lembrar da marcha carnavalesca "A Jardineira", composta por Benedito Lacerda e Humberto Porto. Orlando Silva gravou de forma brilhante, em 1938. Talvez esta marcha seja a mais famosa e a mais tocada nos Carnavais.

Pois bem, depois destas explicações, que podem mudar o mundo e os rumos da guerra na Ucrânia, volto o padre Pacheco. Enfim, chegou o grande dia. Com pelo menos 1,5 mil participantes, incluindo crianças vestidas de anjo, a procissão saiu da frente da igreja, na Praça da Matriz, e começou a percorrer a principal rua da cidade, rua de chão batido.

Muitos cantavam os hinos católicos, como aquele que diz "no céu com minha mãe estarei" e outros cânticos. A cantoria não parava. Um andor bem ajeitado carregava a imagem de Santo Antônio. Todos iam devagar com o andor, pois o santo era de barro. Depois de passar pela rua principal, o padre Pacheco decidiu levar seu rebanho para uma estrada que dava acesso a vários bairros. Com essa providência, os moradores poderiam ver e rezar para o santo.

De repente, não mais que de repente, como diz o verso de Vinícius de Moraes, o padre viu um perigo à frente. Não teve dúvidas e gritou para os fiéis: "A jardineira! A jardineira!" Achando que o padre queria mudar o repertório, a multidão, então, começou a cantar "ô jardineira porque estás tão triste, mas o que foi que aconteceu". Ainda bem que não aconteceu nada. É que o padre Pacheco fez sinais e o motorista conseguiu parar a jardineira, que chegou a encostar na batina do sacerdote.  

 

DROPS

 

Nova dupla caipira na praça: Apagão e Blecaute.

 

Cachorro mordido por cobra tem medo de fio de aranha.

 

Lula está no caminho certo. Sempre acerta o passo entre o Alvorada e o Planalto.

 

Hadadd precisa aprender a tocar Lira.

 

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