A Secretaria de Cultura lançou um formulário de mapeamento dos agentes culturais de Presidente Prudente como etapa para a regularização do Comuc (Conselho Municipal de Políticas Culturais). É fato: o Conselho está irregular e o Ministério Público já determinou novas eleições, novo regimento e um projeto de lei específico sobre sua composição. Diante disso, é compreensível que surjam críticas ao modo como esse formulário foi elaborado, sem escuta prévia da classe artística e sem um cronograma claro das próximas etapas.
Mas a questão que se coloca agora é prática: precisamos participar desse processo. Todos os agentes culturais devem se inscrever, registrar seus segmentos e garantir presença formal no cadastro. Assim, a sociedade civil terá legitimidade para cobrar os próximos passos. Se não estivermos lá, corremos o risco de sermos excluídos das decisões que dizem respeito a nós.
E não se trata de um risco hipotético. Isso já vem ocorrendo: decisões arbitrárias, ausência de comunicação com a comunidade cultural e condução unilateral dos processos. A própria secretaria só se prontificou a enfrentar a situação após o último despacho do Ministério Público, que exigiu providências imediatas para recompor o Conselho.
Além disso, é preciso lembrar que a mobilização da classe artística já aconteceu, quando foi lançado o Manifesto da Classe Artística por um Conselho Municipal de Política Cultural Democrático, Transparente e Representativo. Esse documento, que reuniu mais de 200 respostas em formulário, expressou de forma clara a demanda por uma reunião pública e por um processo transparente e participativo. A pergunta que fica é: qual será o caminho da secretaria para dialogar com esses artistas que já se manifestaram coletivamente?
Participar não significa aceitar de olhos fechados. Significa ocupar o espaço e, a partir daí, cobrar aquilo que é de direito:
– a apresentação pública do calendário das eleições do Comuc;
– a definição transparente dos critérios de participação e elegibilidade;
– etapas de escuta real com a classe artística;
– e mecanismos de divulgação amplos, para que ninguém fique de fora.
O futuro da política cultural de Prudente não pode ser decidido em gabinetes fechados, mas na soma das vozes de artistas, coletivos, produtores e cidadãos que fazem a vida cultural acontecer todos os dias. O formulário é apenas o primeiro passo. O mais importante será transformar essa base em mobilização, acompanhamento e participação social real — para que a cultura de Prudente seja, de fato, democrática, transparente e representativa.
O formulário já está disponível e deve ser preenchido pelos agentes culturais que desejam participar da recomposição do Comuc. O acesso pode ser feito pelo link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfi0DG8sokwmmNIZKpagmMMVA46dGMyj9A2w17qCS7kxCmypQ/viewform?fbclid=PAT01DUANKd5ZleHRuA2FlbQIxMAABpxdL9jAn5lxCEiaVbXXzdT6A4DujXbLsVECCnebUi_Z38lxG-hyIi-PgMVan_aem_9S1eOw5OgAGxqXtFXF0wow.