O jardim que virou santuário

EDITORIAL -

Data 30/08/2025
Horário 04:15

Na tranquilidade da Rua Mário Gallego, no Parque Residencial Nozaki, em Presidente Prudente, floresce um exemplo raro de cidadania e afeto pelo comum: o senhor Rubens Sobral, de 75 anos. Ex-pescador profissional e hoje segurança noturno, Rubens dedica cerca de duas horas todas as manhãs ao jardim que ele mesmo transformou em um verdadeiro santuário de vida. Essa história foi contada neste diário.
A história desse espaço começou há quase quatro décadas. Quando Rubens se mudou para um terreno que era apenas mato, tomadas pela inexistência de ruas, ele enxergou potencial. Com cinco caminhões de terra, tijolo por tijolo, semente por semente, ergueu um refúgio verde, repleto de jabuticabeiras, pitangueiras e um festival de cores e aromas.
O que torna esse gesto ainda mais comovente é sua constância e humildade. Todos os dias, ao raiar do dia, ele toma seu café e parte para o ritual inadiável de regar, cuidar e observar. “Eu sozinho”, ele confirma, com a tranquilidade de quem sabe que o verdadeiro valor está no fazer persistente e generoso.
Apesar de discreto, o trabalho de Rubens toca quem passa: vizinhos admiram, autoridades observam, e a natureza retorna o afeto. 
O gesto de Rubens Sobral alerta sobre a essência da cidadania: ela não mora em grandes palcos, mas na repetição calma do cuidado. Ele mostra que transformação começa quando alguém decide cuidar – não de reservas, mas do que está à sua frente. Uma árvore plantada com paciência fala de esperança, de comunidade, da possibilidade de, por meio de pequenos atos, semear futuros mais verdes e humanos.
Que seu exemplo floresça porque é na dedicação silenciosa que se revela o verdadeiro santuário.

    

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