Certa nostalgia e comoção tomou conta do estado emocional da família prudentina, por esses dias. Experienciamos falecimentos de pessoas, inclusive de alguns jovens e até crianças. Como permanecer indiferente diante de tantas perdas? Um clima de muita tristeza, lamentações e dor contagiou os quatro cantos da cidade. Meus sinceros sentimentos e desejos de que todos os que perderam seus entes queridos possam viver em paz, os seus lutos.
As pessoas sempre questionam sobre: como proceder nessa hora tão incerta, envolvendo um grande despreparo? Evitar medicações (somente se for necessário), deixar a pessoa viver o luto e participar, como puder, do sepultamento. Devemos enfrentar sempre a dor e evitar fugir.
No início a dor pela perda envolve um grande afastamento da atitude normal em relação à vida. Um desânimo doloroso profundo, falta de interesse no mundo externo, perda da capacidade de amor, inibição de toda atividade e alguns ficam com a autoestima baixa, expressando em autorrecriminações e autoacusações. No luto, o mundo se torna pobre e vazio. A dor da perda do ente querido invade nosso universo mental e permanece orbitando por um tempo. O tempo da dor do enlutado dependerá da natureza do vínculo com o ente perdido. Há perdas que levam muito tempo para sua elaboração. Muito difícil especificá-lo. Há a ideia de seis meses, mas cada um terá o seu tempo. Há os que retornam para suas atividades bem mais rápido do que outros.
A pessoa enlutada aceita a dolorosa realidade da morte do ente querido e amado, em parte por saber (inconscientemente e, às vezes, conscientemente) que sua vida, e sua capacidade de “continuar a viver”, estão em jogo. Há o fato de ambivalências que podem levar à grande sofrimento, que é o desejo de continuar a viver e o desejo de estar em sintonia com o morto. Muitas vezes, agimos de forma desinteressada para com as pessoas vivas ao nosso redor e energizados todo o tempo, em direção ao morto. É como se ficássemos vivos para o morto e morto para os vivos.
Já o estado melancólico em relação ao luto se configura em desdobramentos muito mais impactantes do que o luto. O melancólico é incapaz de fazer o luto. Ele não consegue se separar do ente (objeto) perdido e é incapaz de enfrentar a realidade da perda. O enlutado é capaz de manter uma ligação firme com a realidade dolorosa da perda irrevogável do ente amado. Quando há persistência do estado emocional do enlutado e evolui para o estado melancólico, vale a pena buscar ajuda especializada para dividir e compartilhar o sofrimento.
Ontem também tivemos a notícia do crime em Blumenau (SC), em uma creche. Uma grande tragédia. Houve o assassinato de quatro criancinhas. Meu Deus, que horror! Sentimos muito. Muito triste. Que Deus conforte o coração de todos! Um abraço afetivo!