As fibras musculares, assim como todas as demais células, precisam de um combustível único, chamado de ATP. Todos os trilhões de células funcionam ininterruptamente e gastam bastante ATP diariamente, o equivalente a 70-80Kg. Obviamente não temos uma reserva de ATP deste montante. Por isso, dependemos da reposição imediata e contínua do ATP, usando outros combustíveis.
OPÇÕES
Há cinco moléculas que consumimos nos alimentos ou são produzidas pelo próprio corpo que podem ser utilizadas como combustível para resposição do ATP: glicose (carboidrato), ácidos graxos (gordura), aminoácidos (proteína), fosfocreatina e corpos cetônicos. Porém, nem todas as células podem utilizar todos esses. A maioria usa apenas a glicose e algumas podem usar os ácidos graxos (ex. fibras cardíacas e hepatócitos) e corpos cetônicos (ex. neurônios).
MULTIFLEX
As fibras musculares são “multiflex”, pois podem usar os cinco combustíveis em diferentes proporções ao mesmo tempo. A transformação dessas moléculas para extrair a energia usada na resposição do ATP depende de vias metabólicas com enzimas específicas, todas presentes nos músculos. Há duas vias metabólicas anaeróbias, pois funcionam sem o O2, e uma via aeróbia, pois depende do precioso O2.
PREFERIDO
O combustível preferido de todas as células é a glicose, inclusive das fibras musculares durante o exercício. As células em geral e as fibras musculares utilizam os demais combustíveis principalmente quando a concentração e disponibilidade de glicose diminui. Esse uso conjunto de dois ou mais combustíveis é um mecanismo de preservação da glicose, pois o sistema nervoso não fica sem ela, mesmo sendo capaz de usar corpos cetônicos.
ATLETAS
Nos exercícios de velocidade e explosão que duram poucos segundos (ex. lançamentos, arremessos e saltos do atletismo) os músculos dependem essencialmente da fosfocreatina, capaz de reposição bem rápida do ATP. Para todos os demais exercícios com duração de poucos minutos até várias horas, o combustível mais eficiente para o bom desempenho é a glicose. Não se iluda com suplementos energéticos (para antes e durante o exercício) com outros componentes, que não os CARBOIDRATOS. Frente à glicose (disponibilizada adequadamente), os ácidos graxos, aminoácidos (inclusive os BCAA tão usados) e corpos cetônicos são meros coadjuvantes.
GORDURA
As pessoas com objetivo de emagrecer obviamente querem “queimar” mais gordura (ácidos graxos). Como modular isso? A oxidação dos ácidos graxos no metabolismo aeróbio depende de quatro fatores: estado alimentar, intensidade e duração do exercício e condicionamento físico. Para modulação positiva da oxidação da gordura evite se alimentar durante o exercício, pratique exercícios aeróbios com duração acima de 30-40 min e mantenha a intensidade em 70-80% da sua capacidade máxima, ou seja, aquele limite para ficar ofegante e fatigar. Quanto melhor seu condicionamento físico, maior sua capacidade de “queimar” os ácidos graxos.
Para exercícios com duração de poucos minutos até várias horas, o combustível mais eficiente para o bom desempenho é a glicose.