Os renegados prudentinos no carnaval carioca

Persio Isaac

Homenagem ao querido amigo Léo Tuma (in memoriam)

CRÔNICA - Persio Isaac

Data 28/08/2022
Horário 06:09

Éramos jovens cheios de ideias que combatiam a velha roupa colorida e acreditando que o novo sempre vem. Entramos com muita sede ao pote e fomos suspensos do nosso amado Tênis Clube no mês de carnaval. Brigamos com a velha diretoria com sua velha roupa desbotada. Mas o "novo" sempre vem. Sentíamos a nobreza do nosso ideal e cada um de nós sentia um "Che Guevara" do sertão sorocabano, na qual os reacionários (diretoria) nos viam como um bando de jovens encrenqueiros e baderneiros.  
Para nós, em pleno governo militar, era uma glória. Para não dar o braço a torcer, resolvemos passar o carnaval no Rio de Janeiro, a Meca do Samba. Eu, Leonardo Tuma (in memoriam), Michel Buchalla, José Roberto Marcondes, Sergio Terrin e Tiago Marcondes. Chegando lá, cheios de sonhos e fantasias, nos acomodamos num apartamento e fomos para a praia. 
O Léo era um cara que não tinha maldade e nem malícia com as mulheres e passou quase a tarde inteira conversando com uma carioca (que já nascem sendo paqueradas) andando pela praia debaixo de um sol de rachar mamona e combinou de ir ao icônico baile no Monte Líbano. Veio todo animado e me disse que o papo tinha sido bom. Eu olhei para ele e disse: Deve ter sido mesmo, pois o papo foi longo e rimos. 
Logo mais à noite, "nóis" estávamos no magistral Monte Líbano, quem diria, não acabamos no Irajá. Olhamos um para outro, ainda incrédulos e mandamos um "chupa diretoria velha do Tênis" e fomos degustando da nossa gostosa rebeldia. Eu só conhecia o baile pela Revista Manchete e acredito que todos também.  Estávamos vivendo um sonho. 
O Michel com sua sagacidade de um negociante árabe já agradou (money, money) os seguranças que logo nos arrumaram uma mesa muito bem localizada e pensei: Nada melhor que ter um amigo igual ao Michel. Algumas horas depois chega o Léo, bravo que nem um Pitbull e com cara de poucos amigos. Aos meus ouvidos chegam suas palavras de decepção: Magrão, lembra daquela menina de hoje à tarde? Lembro. O que tem ela? Te deu um boné? Não, não, Magrão, ela parece "santinho de igreja".
Santinho de igreja? Que papo é esse Léo? Pois é, todo mundo que chega dá um beijo nela. Ah é, e onde está ela? Já tomando as dores do Léo. Vem cá, ela está ali oh, apontando o indicador para onde se localiza a decepção do Léo. Quando eu a vi, ela estava sendo engolida por um predador top da cadeia alimentar. Um gigante com um apetite sexual voraz.  Como vou falar para o inocente e puro Léo que se apaixonou por uma Mata Hari carioca? Olhei para o Léo covardemente ou sabiamente e falei: "Léo vamos sair na categoria", ela não merece você. Por que Magrão? E precisa explicar Léo?  Vejam Vocês.

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